Acrescentou-se uma mão robótica e por isso a cirurgia passou a ser feita a 3 mãos. O médico ortopedista passou a contar com a assistência robótica, quer na preparação da cirurgia, quer durante a intervenção. A ortopedia do Centro Cirúrgico de Coimbra deu início à cirurgia artroplástica assistida por robótica, não com um, mas com dois doentes

A cirurgia assistida por robótica deixou de ser algo de que se fala para o futuro e passou a ser uma prática no presente. As duas primeiras cirurgias realizaram-se na passada quinta-feira e os doentes tiveram alta 48 horas depois.

A diminuição do tempo de internamento é uma das inúmeras vantagens. Há outras, como uma recuperação mais rápida, encurtando-se o tempo necessário para a fisioterapia, a redução do risco de luxação (no caso da artroplastia da anca) e a diminuição da sensação de articulação não natural que o implante pode proporcionar. 

Para se chegar a estes resultados finais, a ortopedia do Centro Cirúrgico de Coimbra adquiriu as ferramentas necessárias para a robotização da artroplastia, uma intervenção cirúrgica que substitui a articulação (total ou parcial) do joelho e da anca.

Tudo começa com o diagnóstico e a preparação do doente para este tipo de intervenção, em consulta especialmente dirigida e focada para a intervenção assistida por robô. Tomada a decisão, o doente tem de fazer uma TAC, um exame imagiológico que vai diferenciar toda a atuação que se segue nas próximas semanas. É criado o modelo em 3D da articulação que se planeia intervir, bem como das articulações adjacentes. A colocação da prótese é completamente personalizada, pois a construção do modelo 3D baseia-se na anatomia óssea individual do paciente. A quantidade de dados biomecânicos disponíveis para análise ajudam o cirurgião ortopedista nas decisões de planeamento, devidamente fundamentadas, permitindo ainda recuperar a tipologia biométrica individual antes da doença.

No momento da intervenção cirúrgica o posicionamento da prótese será ainda ajustado pelo cirurgião, tendo em conta a elasticidade ligamentar de cada doente. O braço robótico é controlado pelo cirurgião, mas revela ser uma ferramenta altamente eficaz e impossível de reproduzir pela mão humana, uma vez que todos os gestos e cortes são calculados ao milímetro, evitando-se assim qualquer tipo de dano colateral, como o risco de imprecisão ou tremor.

O cirurgião ganha uma “terceira” mão com o potencial de elevar a cirurgia ortopédica a um novo patamar de exigência, em precisão e segurança. Contudo, todos os atos, gestos e decisões são previamente definidos pelo cirurgião ortopédico que, obrigatoriamente, deve ter certificação em cirurgia assistida por robótica. No Centro Cirúrgico de Coimbra já existem dois cirurgiões ortopédicos com esta formação, Pedro Marques e Francisco Agostinho (nas fotografias).

Faz parte da missão do Centro Cirúrgico assegurar a segurança e a qualidade nos cuidados de saúde. O recurso à robotização é um caminho natural que temos vindo a percorrer.

Deixar um Comentário