Não altera o quadro, mas pode modificar a moldura. A cirurgia palpebral é isso que faz, rejuvenesce o olhar, mas também pode corrigir defeitos. Blefaroplastia é a cirurgia do olhar

Quando conhecemos alguém, a nossa atenção dirige-se, muitas vezes e em primeiro lugar, para os olhos e região peri ocular. E formamos logo uma “primeira impressão”. Atento. Cansado. Inteligente. Triste. É o nosso olhar, a forma como nos expressamos sem falar e sem gesticular. E um olhar diz muito.

As pálpebras acabam por emoldurar esse nosso olhar… Embelezam, protegem, envolvem. Fazemos o mesmo quando olhamos para um quadro que apreciamos e reparamos na moldura magnífica que o rodeia. Ou seja, olharíamos para esse mesmo quadro da mesma forma se a moldura não fosse a melhor?

É assim com o nosso olhar. Pode dizer que estamos cansados, que o nosso olhar está pouco vivo, menos expressivo, ou, simplesmente, que estamos a envelhecer… Dizemos tudo, mesmo sem abrir a boca.

A cirurgia palpebral inclui muitas vezes esta vertente rejuvenescedora do olhar. A melhoria da moldura. Não só a cirurgia palpebral serve para corrigir defeitos de altura e contorno palpebrais (ptose palpebral, ectropion, entropion, laxidão palpebral marcada,…) como também pode ajudar a recuperar aquele ar mais fresco, vivo e jovem de outrora. A técnica denomina-se blefaroplastia e consiste numa cirurgia em que se remove o excesso de pele, músculo ou gordura existentes nas pálpebras.

Nas pálpebras superiores, a incisão fica escondida numa prega natural da pele sendo muito pouco evidente algumas semanas após a intervenção, enquanto na pálpebra inferior, onde muitas vezes são muito evidentes bolsas de gordura (“papos”), o acesso é frequentemente feito pela face interna da pálpebra (abordagem designada por transconjuntival), esbatendo sulcos e removendo ou reposicionando gordura, não deixando habitualmente cicatriz.

O conhecimento anatómico preciso da região peri ocular é fundamental para o sucesso destas intervenções. Além disso, a saúde ocular deve ser colocada sempre em primeiro plano. De que serve uma moldura bonita se não protege devidamente o quadro que envolve? Ou pior, se contribui para a sua degradação?

Hoje, é sabido que para julgarmos a idade de alguém ou o seu grau de fadiga, o nosso olhar dirige-se primeiramente para a zona peri ocular, pelo que procedimentos nesta região conseguem ter o condão de melhorar o aspeto cansado e desgastado do indivíduo. Rejuvenescer. Sem esquecer nunca a face como um todo. Procurar a harmonia e a simetria. Não é algo que nos transforme noutra pessoa ou que possa levar os outros a nos tratarem de forma diferente. É tão só uma solução para recuperar a expressividade e a autoconfiança. Afinal, os olhos são o espelho da alma, mas também do coração.

Rui Tavares
(médico oftalmologista)

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