Vou pelo caminho do vento que sopra, pensando no futuro que quero materializar em passado, para perceber por onde o vento passou e por onde eu andei. 

Passou por aqui, por ali…seguimos na mesma direção e não mais nos encontrámos. Eu atrasei-me… e pensei porque não vou atrás dele? Seguir o vento é procurar o ar que foge, é ultrapassar variações de pressão, é abraçar a incerteza, é encontrar o futuro. É encontrar um novo caminho no deserto, é encontrar uma nova ideia, é perceber que a folha dourada que derrubou estava caduca. É acreditar que a árvore que despiu vai rejuvenescer na próxima Primavera e que novas flores vão perfumar o mundo…

Sem vento não haveria ondas, não poderíamos surfar a vida com novos sonhos, não poderíamos acreditar.

Como eu gosto da brisa que sopra e me afasta do poder dos outros.
Um poder alicerçado, estático e consolidado, uma ditadura… É o poder de quem tem medo de o perder, é um poder que envelhece, que corrompe, que se deixa oxidar pela mediocridade.

O vento sopra e traz-me as ideias que procuro, esta brisa constante em que me sinto mergulhado, é a força que me faz acreditar que amanhã terei a imaginação que procuro, terei novas ideias e concretizarei novos sonhos.

Não quero correr contra o vento… Bem sei que se o fizesse as minhas pegadas na areia seriam mais vincadas, mas eu teria perdido muito tempo… Até poderia levantar voo, mas deixaria de ter os pés assentes na terra e não conseguiria completar a minha missão… Caminhar, movido pela brisa que me ajuda a encontrar o meu futuro. E o meu futuro poderá sempre ajudar o destino de outros. Por isso a brisa que sigo é tão importante.

António Travassos
(Médico Oftalmologista)

 

 

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