Ter um controle da glicémia sem fazer as picadas diárias é o sonho de qualquer diabético. Ninguém gosta de se auto picar 8 a 12 vezes ao dia, principalmente, quando se é criança. A tecnologia já permite escapar a esta rotina diária e o dispositivo passa a ser comparticipado pelo Estado português para alguns diabéticos tipo 1

É uma boa notícia para 15 mil diabéticos, tipo 1, principalmente para as crianças com mais de quatro anos de idade. As picadas diárias, para controlo das hipoglicémias (baixas de açúcar no sangue) têm os dias contados, porque podem ser substituídas por um medidor de glicose “inteligente” que já existe no mercado há algum tempo, mas a um custo elevado, o que torna este equipamento quase sempre “proibido” para a maioria dos diabéticos.
Em jeito de prenda e para comemorar o Dia Mundial dos Diabéticos, o Infarmed (Autoridade Nacional do Medicamento) e a empresa que fornece o dispositivo médico (FreeStyle Libre, da Abbott) chegaram a um acordo que torna possível este equipamento ser comparticipado em 85% a 15 mil diabéticos portugueses.

Numa primeira fase (1 ano), serão abrangidos os diabéticos tipo 1, onde se incluem todas as crianças com mais de 4 anos de idade. É para estas que o controlo do açúcar no sangue se pode tornar uma verdadeira dor de cabeça, porque nenhuma criança gosta de picadas e muito menos quando têm de ser feitas várias vezes ao dia. Um sensor que é aplicado na pele de um braço evita tudo isso e fornece os dados de glicose em contínuo, o que, no caso das crianças, acaba por ser uma melhoria muito significativa na vida destas crianças, mas também na rotina dos seus pais.

Com dimensões que rondam os 35×5 milímetros, este sensor permite uma autogestão da doença de forma automática, fornecendo informação diária em tempo útil, mas também uma imagem da glicemia correspondente a 24 horas e ainda a evolução dos níveis de glicose nos últimos 14 dias, uma vez que é possível armazenar todos os dados recolhidos.

Para os diabéticos tipo 1, a doença não surge associada a comportamentos incorretos, mas sim como uma doença autoimune, que afeta principalmente os jovens. Neste caso, o pâncreas deixa de fabricar a hormona necessária para regular o nível de glicose no sangue e por isso serão sempre pessoas insulinodependentes. Esta é uma situação muito mais rara, dento do panorama da Diabetes e representa apenas 10% do universo de pessoas com diabetes.

A hipoglicémia é uma situação comum neste “caso à parte”, porque é difícil ajustar a quantidade de insulina certa, que deve estar em conformidade com o que se come. O acompanhamento destes doentes deve ser individualizado e é importante que sejam ensinados a calcular o valor alimentar dos nutrientes que ingerem a cada refeição.

Neste caso específico, será o próprio sistema imunitário que ataca e destrói as células que são responsáveis pela produção de insulina e, sem a presença desta hormona, existirá excesso de glicose no sangue. Razão porque a administração de insulina deve ser feita antes de cada refeição e tendo sempre em conta o tipo de alimentos que se ingere. Insulina a mais, irá provocar uma queda na concentração da glicose e se a quantidade for inferior à necessária, vai provocar um excesso de glicose no sangue. Um e outro caso são prejudiciais.

Contudo e no panorama português, o que predomina não são estes casos. Dentro da doença da diabetes, o destaque vai sempre para o tipo 2, sendo a obesidade, o sedentarismo e uma alimentação excessivamente calórica os responsáveis pela desorganização que se instala e que pode e deve ser prevenida.

Nunca é demais lembrar que a diabetes tipo 2 é uma doença demasiado silenciosa e uma vez instalada, acaba por provocar danos que podem levar à morte. Os números da Direção Geral de Saúde revelam que entre 10 a 12 pessoas morrem, em média e por dia, em Portugal.

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