O procedimento é cirúrgico e denomina-se artroplastia, a versão plástica da Ortopedia para reconstruir articulações, seja o joelho ou a anca. Os materiais usados podem ser vários, o titânio ou o aço inoxidável são algumas das opções.
Não estamos longe da versão do homem biónico. Hoje, já é possível substituir algumas “peças” menos funcionais ou que estejam a causar dor e um grande mal-estar. As articulações da anca e do joelho são um bom exemplo de como as novas tecnologias podem ser nossas amigas. A artroplastia é isso mesmo, uma intervenção cirúrgica que reconstrói ou restaura uma articulação específica.
Este tipo de cirurgia é bastante exigente e evoluiu com a partilha de conhecimentos de áreas tão diversas com a bioquímica, a engenharia mecânica, a engenharia de materiais ou a engenharia química, entre outras. Hoje, uma artroplastia pode ser assistida por computador e, em casos mais difíceis, é até possível recorrer à aplicação de implantes personalizados.
Os ex-jogadores de futebol Pelé e Fábio Capello já tomaram a decisão de fazer uma artroplastia, uma solução cirúrgica que se coloca quando a articulação é atingida por um fenómeno degenerativo, como a artrose, mas também quando, em um qualquer momento da vida, ocorre uma fratura ou um acidente que tenha levado à destruição articular. A dor é uma queixa comum, tal como a limitação de mobilidade que leva a dificuldades em desempenhar atividades diárias, como subir escadas, caminhar ou sentar-se num carro, não sendo raras as situações em que mesmo imóvel, a dor possa persistir.
A opção por este procedimento cirúrgico é sempre feita pelo doente, que deve ser informado do objetivo da cirurgia, mas também de algumas adaptações de estilo de vida que lhe serão recomendadas. A artroplastia irá melhorar as atividades diárias, que passam a ser feitas sem dor, mas não são aconselhadas atividades de grande impacto. Ou seja, praticar ténis, atividades que impliquem grandes saltos e desportos de contacto não são recomendados, simplesmente porque provocam um desgaste precoce da prótese. Por outro lado, as caminhadas, o golf, a natação ou a dança podem ser realizadas. A reconstrução, seja da anca ou do joelho, é feita com diversos tipos de materiais e não existe uma unanimidade sobre qual o melhor.
A engenharia tem estado a ajudar a medicina na interpretação dos fenómenos de atrito, desgaste e lubrificação que existem em toda e qualquer articulação, mas não existe uma resposta única, existem várias respostas que se devem adaptar ao tipo de candidato a uma artroplastia.
No nosso caso, optamos pela utilização de diferentes materiais e defendemos que a sua combinação, conjugada com o movimento da nova superfície articular (tribologia), o ponto-chave que determina ou não o indesejado desgaste das superfícies. Falamos sobretudo de quatro categorias de tribologia ou quatro tipos de combinações de materiais onde ocorre o movimento da nova superfície articular:
• metal vs plástico (polietileno ou UHMWPE)
• metal vs metal (MoM)
• cerâmica vs plástico (UHMWPE)
• cerâmica vs cerâmica (CoC)
Ultrapassada a questão das escolha/seleção dos materiais que vão ser usados no implante, é ainda necessário definir como vão ser aplicadas essas mesmas peças neste tipo de reconstrução, podendo ser integradas diretamente no osso (não cimentadas) ou cimentadas. Neste caso, o material usado é um cimento ósseo ou polímero, a que se recorre por vezes para fixar os elementos que compõem a prótese ao osso. Não existe um consenso sobre qual a melhor combinação, tanto de tribologia, como quanto ao modo fixação dos implantes. A decisão deve ser tomada individualmente, tendo em conta a idade, atividade, tipo de osso e a anatomia individual.
Neste momento e em Portugal, já se realizam mais de 10 mil artroplastias da anca e outras 10 mil do joelho por ano. As previsões indicam que estes números vão aumentar exponencialmente, não só pelo aumento da esperança média de vida mas, principalmente, pelo excesso de peso. Para 2030, ou seja, muito em breve, a artroplastia da anca poderá aumentar em 174%, mas para a artroplastia do joelho, as previsões apontam para um crescimento de 673% …
(médico ortopedista)
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Exmo Senhor Dr.
ReplyReconheço os benefícios das várias vertentes do conhecimento sobre o sucesso das artoplastias. Muito se tem feito para melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
Por acaso, sou portadora de artroses horriveis nos joelhos que para alem de dores horriveis, me diminuem a mobilidade. Neste momento, estou nas mãos de um Medico Reumatologista que muito tem contribuido para o meu bem estar mas se tiver que ser operada, irei, sem duvida alguma, ao Centro Cirúrgico de Coimbra, que conheço perfeitamente por ser paciente do Sr. Dr. Travassos. Muito obrigada por este artigo que muito me ilucidou sobre este assunto.
Bom dia,
ReplyAgradeço a vossa atenção e amabilidade pelas informações recebidas.
São uma mais valia para obter todos os conhecimentos sobre a saúde.
Grato pela vossa atenção,
José Afonso
Bom dia Sr. Dr.Pedro Marques,
Replyas artroplastias, também são válidas para as articulações do pé ?
Muito obrigado
José
Boa tarde, em resposta à sua pergunta, o Dr. Pedro Marques esclarece que também são usadas artroplastias para as patologias degenerativas do tornozelo e da articulação metatarso-falangica do hallux. Ou seja, as artroplastias também são válidas para as articulações do pé.
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