Aumentam nos meses mais frios e podem surgir em qualquer área que envolva a função respiratória, do nariz à pleura, basta que uma zona seja infetada por um microrganismo. Evitar ambientes fechados é um modo de prevenção, mas há outros
A infeção respiratória é uma infeção que surge em qualquer região do trato respiratório, como nariz, seios perinasais, faringe, laringe, brônquios, pulmão e pleura. Ocorre quando uma dessas zonas é infetada por um microrganismo: vírus, bactéria, fungo ou parasita. As suas manifestações dependem da área atingida e com a chegada dos meses mais frios, a ocorrência de infeções respiratórias aumenta significativamente. A temperatura desce e há uma maior tendência das pessoas para permanecerem em ambientes fechados e com maior circulação dos microrganismos.
Entre as infeções mais comuns estão a gripe, a constipação, a pneumonia e, mais recentemente, a COVID-19. Embora sejam maioritariamente situações benignas, podem ser responsáveis por elevados índices de morbilidade e mortalidade, especialmente em populações vulneráveis, como crianças, idosos e indivíduos com doenças crónicas. Por exemplo, a pneumonia continua a ser uma das principais causas de mortalidade por doença respiratória em Portugal. No período mais recente, a pandemia de COVID-19 também contribuiu para um aumento da mortalidade respiratória.
Quais são os sintomas que indicam que posso ter uma infeção respiratória?
Os sinais e sintomas das infeções respiratórias são vários, conforme afete as vias respiratórias superiores ou inferiores. Os mais frequentes na infeção das vias respiratórias superiores são a rinorreia (“pingo” no nariz), espirros, dores de cabeça, dores de garganta, lacrimejo e febre. Nas infeções das vias respiratórias inferiores são a tosse, expetoração, febre, falta de ar, dor ao inspirar e, por vezes, dificuldade respiratória. Algumas variantes do COVID-19 apresentam ainda perda de olfato e do paladar de instalação súbita e diarreia.
Quais as causas mais frequentes de infeção respiratória?
O aparelho respiratório pode ser atingido por diferentes agentes infeciosos (microrganismos) através do ar que respiramos (via inalatória), da circulação sanguínea (via circulatória) ou por aspiração de material infetado proveniente da boca e/ou das vias aéreas superiores.
Dentro dos diversos microrganismos que podem causar infeção respiratória, os vírus são os mais comuns (rinovírus, influenza, virus sincícial respiratório (VSR), coronavírus, adenovírus e parainfluenza) e as bactérias (as mais frequentes são o
Streptococcus pneumoniae, Mycoplasma pneumoniae, Haemoplilus influenzae e Chlamydoplila pneumoniae).
Gripe ou Constipação? Pneumonia?
A gripe é provocada pelo vírus influenza. Trata-se de uma doença contagiosa, cuja maior atividade se observa no pico do Inverno, entre os meses de dezembro e fevereiro. A gripe espalha-se facilmente, especialmente em áreas com grandes aglomerados de pessoas. Quando uma pessoa infetada espirra, tosse ou fala, pequenas gotículas contagiosas ficam em suspensão no ar e podem infetar pessoas que estejam num raio de um metro e as inspirem.
Para além dos sintomas habituais de infeção das vias respiratórias superiores, as gripes acompanham-se, com frequência, de dores musculares e articulares e recusa alimentar ou falta de apetite. O principal tratamento para a gripe consiste em repousar, beber grandes quantidades de líquidos e evitar esforços. A febre e as dores podem ser tratadas com paracetamol e/ou com anti-inflamatórios.
A constipação provocada pelo rinovírus, causa congestão nasal, espirros, dores de cabeça e garganta e febre baixa. Geralmente é ligeira e é mais comum no Outono e Inverno. Normalmente, a transmissão da constipação ocorre através do contacto com as secreções respiratórias do indivíduo infetado (pela tosse, espirro ou falar próximo). Frequentemente as constipações são autolimitadas, ou seja, podem resolver-se espontaneamente, mas os sintomas podem ser aliviados com recurso a medicamentos como paracetamol e/ou anti-inflamatórios.
A pneumonia é uma infeção dos pulmões. Os alvéolos e os bronquíolos respiratórios ficam afetados e preenchidos pela resultante da inflamação provocada pela proliferação de microrganismos, dificultando a respiração. O tratamento depende do tipo de microrganismo causador da infeção, da gravidade dos sintomas e do atingimento pulmonar, da existência de outras doenças associadas e do local de contaminação (comunidade ou cuidados de saúde). A maior parte dos casos é provocada por bactérias, e requer tratamento com antibióticos. Caso se trate de uma pneumonia viral ou fúngica, podem estar indicados medicamentos antivirais ou antifúngicos. Medicação adicional para tratar sintomas pode ser necessário.
Como prevenir as infeções respiratórias?
Entre as estratégias mais importante para mitigar o impacto das infeções respiratórias, está a prevenção. A manutenção de um estilo de vida saudável, com uma alimentação equilibrada, praticar exercício físico e não fumar, são aspetos essenciais na prevenção de qualquer doença respiratória. Uma vez que a transmissão de vírus se pode fazer através de gotículas respiratórias e aerossóis, bem como por contacto com superfícies contaminadas, para prevenir as infeções agudas das vias respiratórias, devem ser adotadas as seguintes medidas:
Etiqueta respiratória:
– Proteger o nariz e a boca ao tossir e espirrar com lenço de papel descartável ou, se não tiver um lenço, espirrar para a dobra do braço/cotovelo e não para a mão;
– Colocar os lenços de papel utilizados no lixo;
– Lavar de imediato as mãos com água e sabão ou higienizar com álcool gel antissético; evitar tocar nos olhos, nariz e boca.
Uso de máscara: ponderar o seu uso em locais muito frequentados, com aglomerados de pessoas e sobretudo em espaços fechados; recomendado o seu uso se tiver sintomas respiratórios agudos para impedir algum contágio.
Higiene frequente das mãos: lavar e/ou desinfetar as mãos frequentemente, para reduzir a possibilidade de transporte de partículas virais das superfícies onde as mãos tocam para as vias respiratórias
Limpar e desinfetar equipamentos e superfícies em casa ou no local de trabalho
Arejar e ventilar os espaços: através de arejamento, permite a entrada de ar fresco numa divisão e reduzir a quantidade de vírus no ar, diminuindo o risco de transmissão de infeções das vias respiratórias.
Aliada a estas medidas gerais, a vacinação constitui a melhor defesa de que dispomos contra as infeções respiratórias. É o caso das vacinas contra a gripe, vírus sincícial respiratório (VSR), pneumocócica e COVID-19. Para elas, há critérios bem definidos sobre quem deve ser vacinado, pelo que é fundamental que haja recomendação médica. As vacinas contra a COVID-19 e contra a gripe podem ser administradas em conjunto e apresentam uma elevada proteção na redução de doença grave, hospitalização ou morte, contribuindo também para a redução da infeção e da transmissão do vírus.
Existem também fármacos, habitualmente administrados por via oral, como os imunoestimulantes constituídos pelos lisados bacterianos, que aumentam a proteção contra as infeções respiratórias.
Cidália Rodrigues
(Médica, Pneumologista)
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