A rizartrose muda tudo e o fantástico polegar deixa de ser o protagonista dos dedos de uma mão e passa a ser a preocupação. O desgaste da articulação resulta em dor e perda de mobilidade. Abrir uma porta ou apertar os botões de uma camisa passam a ser movimentos dolorosos. Há soluções (várias!). Explicamos quais
O polegar é o nosso dedo mais importante e fundamental. O facto de ser completamente oponível aos outros dedos dá-nos uma destreza manual que se traduziu numa aquisição evolutiva dos hominídeos. Pensar que esta caraterística é afetada, equivale a uma nova adaptação, porque esta articulação na base do polegar é fundamental para os chamados movimentos de pinça, essenciais para as atividades do dia- a- dia, como segurar objetos, escrever ou apertar botões.
A rizartrose muda tudo. Também conhecida como a artrose do polegar, é uma condição que afeta a articulação entre o trapézio e o primeiro osso metacárpico, localizada na base do polegar. A rizartrose ocorre devido ao desgaste da cartilagem que reveste esta articulação, resultando em dor e perda de mobilidade.
Mulheres com + de 50
A rizartrose afeta principalmente pessoas com mais de 50 anos, sendo mais comum em mulheres. Embora o envelhecimento seja um fator importante, outros elementos podem contribuir para o desenvolvimento da doença, como predisposição genética, lesões anteriores na região e atividades que exigem uso repetitivo e prolongado do polegar.
Rodar maçanetas
Os principais sintomas incluem dor na base do polegar, especialmente durante atividades que envolvem o uso da articulação, como abrir frascos ou rodar uma maçaneta. Esta dor pode piorar progressivamente, tornando–se mais constante e intensa com o tempo. A dor pode também ser noturna e com irradiação ao antebraço. Além da dor, é comum ocorrer rigidez, inchaço, perda de força e deformidade no polegar, dificultando a realização de tarefas simples. Até 50% dos doentes podem ter síndrome do túnel cárpico associado.
Avaliação
O diagnóstico da rizartrose começa com uma avaliação clínica detalhada, onde o médico avalia os sintomas do doente e realiza um exame físico da mão. Durante este exame, o médico pode aplicar pressão sobre a articulação base do polegar para identificar pontos de dor e avaliar a amplitude de movimento e a força do polegar.
Para confirmar o diagnóstico e avaliar o grau de desgaste da articulação, geralmente são solicitados exames de imagem, como radiografias. Este exame permite visualizar a perda de espaço articular, presença de osteófitos (esporões ósseos) e outras alterações típicas da rizartrose. Em alguns casos, pode ser necessário recorrer a outros exames, como ressonância magnética ou tomografia computorizada, para uma avaliação mais detalhada, especialmente se houver suspeita de outras patologias.
Como resolver?
O tratamento da rizartrose pode variar de acordo com a gravidade dos sintomas e o impacto na qualidade de vida da pessoa. As abordagens iniciais são geralmente menos invasivas, mas podem evoluir para intervenções mais complexas conforme a progressão da doença.
Tratamentos conservadores
O uso de ortóteses específicas para o polegar pode ajudar a estabilizar a articulação, reduzir a dor e melhorar a função. Estas ortóteses são geralmente recomendadas para uso durante atividades que exacerbam os sintomas, proporcionando suporte e limitando movimentos que possam causar dor. A fisioterapia pode estar indicada para melhorar a mobilidade, fortalecer os músculos ao redor da articulação e aliviar a dor. A medicação anti-inflamatória e analgésica é frequentemente prescrita para aliviar a dor. Em casos onde a dor é persistente, infiltrações de corticosteroides ou ácido hialurónico na articulação podem ser realizadas para proporcionar alívio temporário dos sintomas.
Tratamentos cirúrgicos
Quando os tratamentos conservadores não são eficazes e a dor ou a limitação funcional são significativas, a cirurgia pode ser considerada. Existem várias técnicas cirúrgicas disponíveis, cada uma com as suas indicações específicas:
– Artroplastia de resseção: esta técnica envolve a remoção do osso trapézio para aliviar a dor. Após a remoção, pode-se utilizar um tendão do próprio doente para estabilizar a articulação.
– Artrodese: Consiste na fusão dos ossos da articulação para eliminar a dor. No entanto, esta técnica reduz a mobilidade do polegar, sendo geralmente indicada para pessoas mais jovens com atividades laborais manuais mais exigentes em termos de força.
– Prótese Trapeziometacárpica: Uma nova opção no tratamento cirúrgico da rizartrose é a implantação de uma prótese trapeziometacárpica. Esta técnica envolve a substituição da articulação desgastada por uma prótese, preservando a mobilidade do polegar e aliviando a dor. As próteses modernas são projetadas para imitar a função natural da articulação, oferecendo uma opção promissora para quem deseja manter a funcionalidade do polegar com uma recuperação mais rápida.
A rizartrose é uma condição debilitante que pode afetar significativamente a qualidade de vida. No entanto, com as diversas opções de tratamento disponíveis, desde abordagens conservadoras até cirurgias como a prótese trapeziometacárpica, é possível controlar os sintomas e melhorar a função do polegar.
Rita Cavaca
(Médica, Ortopedista)
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