O cérebro vai morrendo, mas não avisa qual a parte que morre primeiro. O olhar fica perdido, confuso e vagueia à procura de referências que não encontra. O tempo, o espaço e as lembranças do passado e do presente desparecem. A comunicação dentro do cérebro complica-se, perdem-se capacidades e funções. É uma das principais doenças do nosso tempo
Qualquer pessoa pode desenvolver a Doença de Alzheimer e a idade é o grande fator de risco. Pode ser uma inevitabilidade do envelhecimento cerebral, porque acima dos 85 anos a demência afeta 1 em cada 4 pessoas. Uma vez diagnosticada, a prioridade está em atrasar a evolução dos sintomas, porque quando uma pessoa perde uma capacidade, raramente consegue voltar a recuperá-la ou reaprendê-la.
Esta é uma doença progressiva, degenerativa e irreversível. Os sintomas iniciais são subtis, começam com lapsos de memória ou com uma dificuldade em encontrar a palavra certa para um objeto do quotidiano. Com o tempo, os doentes perdem a autonomia e a segurança, vivem sem referências de tempo e espaço e sem lembranças do presente e do passado.
O nome de batismo para esta doença, vem do neuropsiquiatra Aloís Alzheimer, o primeiro a descrever as alterações cerebrais típicas. De 1907 até hoje, ainda não ficámos a conhecer tudo, mas aprendemos a diagnosticar e a tratar. Com o tempo, concluiu-se que a grande maioria das formas de demência de aparecimento tardio (geralmente depois dos 60 anos de idade), conhecidas como “demência senil”, “demência aterosclerótica”, ou simplesmente “demência” correspondem à mesma doença “neurogenerativa”. Este conceito, que tem sido assimilado lentamente, mesmo pela comunidade médica, é fundamental para perceber as dificuldades que têm rodeado a investigação das causas e do tratamento da Doença de Alzheimer.
Considerada a principal causa de “demência”, a Doença de Alzheimer é o motivo mais frequente de declínio progressivo da memória e de outras funções cognitivas. É responsável por cerca de 60% de todos os casos e por mais de 75% das demências dos idosos. Afeta 5% de pessoas com mais de 65 anos e, a partir dos 60 anos, o número de doentes duplica em cada cinco anos. Este perfil de aumento exponencial com a idade, associado ao aumento da esperança de vida, justifica o posicionamento epidemiológico da Doença de Alzheimer como uma das principais doenças do nosso tempo.
Em 2010 existiam 35,6 milhões de pessoas com demência em todo o mundo. As projeções apontam para que este número duplique a cada 20 anos. Em 2030 serão 65,6 milhões e, em 2050, poderão existir 115,4 milhões de pessoas.
Isabel Santana
(médica neurologista)
Boa tarde, tenho 52 anos. Na consequência de um acidente de viação grave, em 03/05/1997, tive de recorrer a consulta de psiquiatria . Já tive dois internamentos, em 2005, e 2007. Ao longo de 21 anos, com, a medicação, gradualmente comecei a esquecer-me de pequenas coisas do dia a dia. Nos últimos anos, a memória e esquecimento são constantes, aliás num momento estou a pensar em realizar algo, ou a falar de algo, e subitamente, esqueço completamente. É assustador, a memória bloqueia. Para além de que sinto que as minhas funções cognitivas estão cada vez mais comprometidas. A minha mãe tem demência de corpos Leuy, e familiares tio e tias maternos e paternos com demências de Alzeimer.
ReplyBoa tarde Ana, deverá agendar uma consulta para que possa ter uma avaliação completa da sua situação em particular, evitando-se as conclusões precipitadas. Certamente que o médico especialista terá respostas para as suas dúvidas. Fique bem.
ReplyAtendendo ao facto de ser um assunto que muito nos preocupa, antes de marcar consulta gostaria de saber novidades dos testes"alelo APOE 4"
ReplyBoa tarde, Luís Marques Pinto. A Professora Isabel Santana é a pessoa certa para lhe transmitir as novidades que procura. A esse propósito sugerimos ainda a leitura de um outro texto https://ccci.pt/a-morte-dos-neuronios/
ReplyGostaria de conhecer o resultado do estudo, por mim referido, antes de marcarmos novas consultas
ReplyOs meus agradecimentos por este tão importante texto que me enviaram.
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