Significa que o cristalino está opacificado, uma alteração que – normalmente – está relacionada com o envelhecimento. A lente natural que existe no olho humano, o cristalino, começa por perder a transparência necessária a uma boa visão, as cores ficam esbatidas e a visão embaciada. É esta lente que permite a acomodação necessária para uma visão nítida a todas as distâncias.

No dia-a-dia não nos apercebemos das suas capacidades, mas são as características específicas e muito próprias do cristalino que nos permitem focar o nosso olhar para uma visão ao longe e, no imediato, mudar o interesse da nossa visão, para algo que esteja ao perto, com um ajuste de focagem instantâneo.

A cirurgia é a única solução para a opacificação do cristalino que, caso não seja substituído, poderá levar à cegueira. Primeiro, o candidato a cirurgia de catarata deverá realizar os exames que vão excluir a existência de outras patologias que possam impedir uma boa visão.

Quando o doente realiza o exame com SLO (um Scanning Laser Ophthalmoscope) é esta avaliação que se procura. Este é um exame não invasivo, completamente indolor e que permite ultrapassar as opacificações do cristalino, recorrendo a um laser de baixa potência que vai projetar letras de vários tamanhos diretamente na retina. É ainda possível projetar determinado tipo de estímulos de luz, que vão avaliar a sensibilidade em vários sítios da zona central da retina, despistando a eventualidade de existirem zonas cegas. Embora esta avaliação não seja 100% fiável, este é o melhor método para perceber se o doente vai melhorar com a cirurgia de catarata, simulando as suas capacidades de visão e o trajeto que a imagem tem de percorrer antes de chegar ao cérebro.

A tomografia da retina (OCT) é outro exame complementar e fundamental para despistar alterações comprometedoras na retina, uma vez que analisa todas as suas estruturas. Um OCT avalia as eventuais alterações que possam existir na retina. Quando complementado com o exame obtido no SLO, é possível saber se, além da retina estar plenamente funcional, não existe outro tipo de obstáculo que possa impedir a boa visão. A estes dois exames base, junte-se ainda a necessidade de realizar biometrias, ou seja, a recolha de informações sobre o comprimento do olho e medidas da curvatura da córnea, dados que são necessários para fazer o cálculo da lente artificial que será implantada em substituição do cristalino, no momento da cirurgia.

Não existe unanimidade quanto à escolha do tipo de lente a implantar. Se uns aconselham a implantação de lentes multifocais, admitindo que o cérebro será capaz de fazer a neuro adaptação a este novo processo de focagem, outros têm uma posição oposta e sugerem sempre a aplicação de lentes monofocais.

Ainda não existe uma lente com as características iguais às do cristalino, com o poder de focar ao perto e ao longe, com variação dióptrica imediata, como as que existem numa máquina fotográfica com autofoco. Geralmente é a lente monofocal que vai permitir uma visão mais nítida, por oposição à lente multifocal, que irá fornecer várias imagens em simultâneo e captadas a várias distâncias, que são enviadas para o cérebro escolher apenas uma. Razão porque se argumenta com a necessidade de esperar por uma neuro adaptação, que nem sempre acontece, porque se são os olhos que captam as imagens, não são eles que veem, mas sim o cérebro.

Cumpridos os requisitos necessários à cirurgia e a escolha do melhor tipo de lente, cabe ao cirurgião executar a intervenção necessária, que começa por remover o cristalino por facoemulsificação. O processo recorre à ajuda de ultrassons para fragmentar e, simultaneamente, aspirar o cristalino opacificado, que será substituído por uma lente artificial. Se a opção for a implantação de uma lente monofocal, o uso de óculos para a visão ao perto podem ser indispensáveis.

No dia seguinte à intervenção já são percetíveis as melhorias na alteração da visão, agora com nitidez, contraste e luminosidade.

 

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