Todos, mesmo aqueles que não mexem um dedo. Se mais de metade do corpo humano é composto por água, percebemos mais facilmente os riscos da sua falta. E, como não pode ser armazenada por tempo infinito, terá de ser ingerida. As células, os órgãos vitais, o cérebro e, mesmo os ossos, agradecem


Tem sede? Isso significa que já passou o limite do equilíbrio da quantidade de água necessária ao bom funcionamento do corpo humano. Num só dia, qualquer ser humano pode perder 2 a 2,5 litros, o equivalente a 2% da massa corporal. E por isso devemos beber água, mesmo antes de chegar a sensação de sede. Este equilíbrio entre ingestão e perda de líquidos é determinante para um bom estado de saúde geral. O inverso, o desequilíbrio, é aquilo que se designa por desidratação.

Nas pessoas idosas, o risco de desidratação é grande, não só porque as perdas de líquidos, por muito pequenas que sejam, causam maior desequilíbrio, mas também porque os mecanismos de alerta para a sede perderam a capacidade de antecipar esse aviso e, por isso mesmo, raramente têm sede. Junte-se ainda o facto de este grupo etário “esquecer” facilmente a necessidade de beber água, mas também porque esta é uma população que toma medicação variada e alguns desses fármacos têm caraterísticas diuréticas, o que faz aumentar a frequência das idas à casa de banho. De entre os medicamentos com características diuréticas, sublinhamos a medicação para o controle da tensão arterial, anti histamínicos e antipsicóticos. Mas a desidratação também pode acontecer em qualquer idade, como consequência de vómitos e diarreias persistentes.

Os atletas e desportistas são outro grupo da população em grande risco de desidratação, tão só pela quantidade de líquido perdido pelo suor, o que implica uma reposição imediata dessa água que está em falta e, se isso não acontecer, o desempenho competitivo fica mesmo comprometido.

A água não é importante apenas porque sim. A água é importante para todos os seres vivos. O ser humano é apenas um deles. A água está no plasma sanguíneo e é responsável por transportar oxigénio, sais minerais e outros nutrientes para as células, pelas suas caraterísticas de solvente universal, mas também está presente em processos fisiológicos, como a digestão, sendo a principal componente do suco gástrico. É ainda de água que se constitui o líquido cefalorraquidiano, aquela substância que protege as meninges; tal como também está presente nas articulações, evitando assim o atrito entre ossos e, claro nas lágrimas, que também têm a missão de lubrificar a córnea. A transpiração também é água e se transpiramos é porque o nosso corpo está quente demais e por isso expelimos suor que, quando se evapora, fará baixar a temperatura corporal.

A água é indispensável à vida humana, o ser humano consegue sobreviver algumas semanas sem comida, mas bastam 3 a 5 dias sem água para não conseguir sobreviver. Uma desidratação continuada tem efeitos no organismo a médio e longo prazo, em concreto, nos sistemas renal, digestivo, respiratório, circulatório e ainda no processo individual de cognição.

A água é ainda importante para um bom funcionamento dos rins, além do papel primordial que tem na eliminação de substâncias tóxicas, através da urina, composta essencialmente por água (95%).

A desidratação também provoca uma diminuição do volume sanguíneo e, para contornar esta alteração, o ritmo cardíaco aumenta, colocando o coração em esforço. A trama é ainda maior e, para conseguir aumentar o volume sanguíneo o nosso corpo tenta reter mais quantidade de água, diminuindo as perdas, produzindo a hormona antidiurética que, por sua vez, vai reduzir a produção de urina com a excreção de sódio, o que pode provocar um aumento da sua concentração no sangue e aumentar o risco de hipertensão arterial. Está tudo combinado e nada acontece por acaso.

A água é um ingrediente obrigatório para todo o ano, seja verão ou inverno, contudo, na época mais quente, devemos beber mais água, tão só porque aumenta a temperatura ambiente e diminui a humidade do ar, provocando um aumento da temperatura interna do corpo, que tenta aliviar com mais transpiração. A reposição de líquidos que necessitamos fazer é mesmo obrigatória e deve ser feita com água e não com refrigerantes ou álcool. Os primeiros, compreende-se facilmente que não são recomendados por conterem açúcares e o segundo porque o mito de que “mata a sede” é falso. O que acontece é exatamente o oposto. O efeito diurético do álcool vai desencadear uma reação precisamente contrária, acabando por desidratar mais o organismo.

A quantidade de água que devemos beber por dia depende sempre de cada um e da atividade física que tem. Mas 1,5 a 2 l por dia é a quantidade média recomendada para repor a falta de líquidos.

 

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