Não tem de ser uma coisa ou outra. É possível ter as duas. A primazia começa e acaba na proteção da pele, mas ao fazer isso não estamos a inibir a produção de vitamina D. Explicamos como fazer

Com o verão chegam também os recados para redobrar a proteção da pele. Esta é a época em que os níveis de radiação ultravioleta estão mais elevados, o que justifica a insistência no uso do protetor solar e nos recados para evitar a exposição ao sol, entre as 11h e as 16 h.

É com a melhor das intenções que a comunidade médica se desdobra em fazer chegar esta mensagem porque, além do fotoenvelhecimento ou das queimaduras solares, devemos sempre acrescentar o risco de cancro da pele. Um risco que é real e que aumenta com a exposição ao sol e que tem um fator cumulativo.

É aqui que podem começar outras dúvidas, ou seja, se “ponho protetor solar, já não posso produzir vitamina D”. Não é verdade. É possível conciliar tudo.

Devemos começar por explicar que a nossa pele não está sempre a produzir vitamina D. Ou seja, não existe uma relação entre a produção de vitamina D e o número de horas que ficamos expostos ao sol. Esta aptidão é limitada. Na maioria dos casos bastam 15 minutos para que a nossa pele absorva a quantidade necessária. Se expusermos braços e pernas ao sol e durante 15 minutos, é quanto basta para que o nosso organismo absorva a quantidade necessária.

É aqui que podem começar as dúvidas e “durante estes 15 minutos devo ou não usar protetor solar?”A nossa recomendação é que deve usar protetor solar sempre que fica exposto ao sol, principalmente durante o verão. Esta é a única forma de assegurar um limite de segurança contra o cancro da pele.

Por outro lado, as pessoas não põem protetor solar em toda a pele, por exemplo, couro cabeludo, mãos e pés, tal como não põem protetor solar de duas em duas horas, apesar de ser o recomendado.

Somos de opinião que, sempre que os níveis de radiação ultravioleta estão elevados, a prioridade deve ser a proteção da pele. O que não significa que a população não faça uma vida ao ar livre fora das horas de maior perigo (ou seja, antes das 11h e depois das 16h), assegurando assim os níveis desejados de absorção de vitamina D.

Até porque, convém lembrar, a vitamina D também pode ser obtida pela alimentação, optando por salmão, sardinha, atum, ovo e carne bovina.

A carência de vitamina D – principalmente na população idosa – está relacionada pela conjugação destes dois fatores, alimentação pouco diversificada e fraca exposição ao sol. Nestes casos, cabe ao médico de família avaliar da necessidade ou não da toma de vitamina D, em suplemento.

Evelina Ruas (Médica Dermatologista)

Deixar um Comentário