Basta uma alteração acompanhada de dor, para logo se remeter a culpa para os joanetes. Nem sempre, nem nunca, porque também existe o hallux rígidus, uma alteração degenerativa que afeta o primeiro dedo do pé
O foco está no primeiro dedo do pé, o chamado dedo grande. Um inchaço, dor quando mexe ou limitação da mobilidade, a existência de algum volume ósseo na parte de cima e ainda uma sensação de choque, quando toca naquela zona, são os sintomas mais comuns. A artrose metatarsofalângica do hallux ou hallux rígidus nada mais é do que uma degeneração da articulação do primeiro dedo do pé. Ou seja, uma artrose por desgaste da cartilagem, provocando a formação de saliências ósseas e rigidez na articulação, acabando por evoluir para um bloqueio completo do movimento deste dedo.
Esta é uma condição com mais incidência no sexo feminino e afeta – principalmente – depois dos 50 anos de idade, por desgaste progressivo da cartilagem que promove a mobilidade nessa zona. As causas são múltiplas e podem incluir as sequelas de fraturas ou luxações, os joanetes que têm deformidade grosseira e a existência de um pé chato, tudo fatores facilitadores do desenvolvimento de hallux rígidus.
Alguns testes de mobilidade e exames de diagnóstico, como RX ou TAC, vão ajudar a perceber o estado evolutivo deste tipo de artrose, permitindo definir qual o melhor tratamento para aquela situação concreta, tendo sempre em conta a atividade da pessoa, o grau de desgaste da articulação, qual a evolução da deformidade e ainda a intensidade dos sintomas.
No início, quando a artrose provoca uma perda de movimento mínima e dor esporádica, o tratamento baseia-se na indicação de algumas atividades específicas, ajuste de calçado (prescrição de uma ortótese articular), toma de medicação anti-inflamatória e imobilização temporária. O objetivo passa por tentar atrasar a progressão do desgaste e o agravamento dos sintomas, como a dor e a mobilidade daquela articulação.
A cirurgia deve ficar reservada para outras situações, principalmente quando já existe um bloqueio do movimento, provocado pelo aumento do volume ósseo, por exemplo. A intervenção irá reparar esse excesso de osso que degenerou, mas é preciso que a cartilagem ainda esteja de alguma forma preservada para que exista sucesso com esta intervenção.
A avaliação deve ser feita por médico ortopedista que, por norma, opta por uma cirurgia minimamente invasiva (percutânea). Outras soluções cirúrgicas passam por fazer uma artrodese da articulação, ou seja, fixação, ou por uma substituição articular, recorrendo a um implante sintético.
A decisão é sempre clínica e as soluções devem ser individualizadas e aplicadas em função da evolução da artrose e do perfil da pessoa, sendo por isso imprescindível avaliar todos os parâmetros adequados ao melhor tratamento.
Rita Gaspar
(Médica, Ortopedista)
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