O mundo mudou. Portugal também. Abrimos o caminho para a economia do conhecimento e áreas, como a engenharia biomédica, começaram a mostrar o saber, a criatividade e a inovação Made In Coimbra. Doutores e engenheiros partilharam ideias, desafios e uma visão de medicina do futuro. A aposta e a fé num grupo de “miúdos”, acabados de sair da Universidade, já deu frutos. Depois do Centro Cirúrgico de Coimbra, chegou o momento de também o mercado britânico se render a estas novas ferramentas

A adesão de Portugal à União Europeia abriu um mundo de possibilidades. Passámos a ter a liberdade para circular na Europa, para vender produtos e serviços de uma forma muito competitiva, devido aos baixos salários e, como consequência, tivemos uma expansão económica significativa, a que se juntou uma distribuição de fundos comunitários, aplicados de uma forma expressiva em investimentos em infraestruturas, seguindo a escola económica Keynesiana.

Em 2006, a UC abordou diversas empresas, unidades de saúde e centros de investigação, convidando-os a propor desafios técnicos que pudessem ser abordados por esta primeira geração de alunos finalistas em engenharia biomédica, permitindo que estes pudessem desenvolver trabalho em ambiente e condições semelhantes às que encontrariam após a entrada no mercado de trabalho. A resposta foi muito positiva e resultou em diversos projetos em áreas tão diversas como o software médico, eletrónica e instrumentação, imagem nuclear, radiação, biologia molecular, biomateriais, e outros.

No caso do Centro Cirúrgico de Coimbra, o desafio proposto foi o de concretizar a visão de uma medicina do futuro, isto é, uma medicina apoiada em capacidades computacionais, com destaque para as áreas de reconhecimento de padrões, data-mining, processamento de imagem e inteligência artificial. Com isto, seria possível documentar, medir e prever com maior precisão e exatidão os parâmetros das doenças, e baseado no conhecimento acumulado e documentado em bases de dados, identificar quais as opções terapêuticas mais adequadas e o sucesso previsto das mesmas.

Incubada no CCC, a Blueworks(empresa biomédica criada por alunos) criou e refinou um software de apoio à decisão clínica, que permite a médicos oftalmologistas interagirem informaticamente com os resultados dos vários exames de diagnóstico que solicitam, software este que mais tarde adotou a designação comercial de OphthalSuite.

As principais vantagens deste sistema são a melhoria dos processos de recolha, organização, análise (parcialmente) e visualização de resultados de exames. Deixou de ser necessário recorrer a documentos impressos por cada um dos cerca de 15 equipamentos de diagnóstico, que existem em média numa unidade de saúde, ou recorrer a vários softwares em simultâneo para comunicar com cada um dos equipamentos.

Todos os resultados passaram a estar organizados e integrados numa única ferramenta de software, tornando mais rápido o acesso, garantindo, em simultâneo, a segurança da informação. Em adição, os resultados numéricos são facilmente filtráveis e pesquisáveis, o que simplifica e potencia as possibilidades de investigação disponíveis aos oftalmologistas. Estas vantagens técnicas traduzem-se em menores custos para as unidades (impressões), maior produtividade (acesso mais rápido à informação), e mais segurança para o doente.

Paulo Barbeiro
(engenheiro biomédico)

 

Para ler o artigo na íntegra consulta a Revista Olhares

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