Somos seres humanos falíveis, mas profundamente determinados em melhorar o mundo à nossa volta, o convite para o autoconhecimento proporciona essa reflexão. Conhecermo-nos é o primeiro ato de coragem. Cuidar é o segundo

Vivemos no Centro Cirúrgico de Coimbra um tempo de profunda transformação.

A medicina que praticamos já não é apenas feita de bisturis e estetoscópios – é feita de inteligência artificial, algoritmos, machine learning, robótica, sensores, dados em tempo real e, fundamentalmente, por profissionais competentes e honestos. Entrámos há muito, com responsabilidade e ousadia, na era da alta tecnologia médica. Mas queremos – neste tempo – afirmar algo ainda mais essencial: A medicina do futuro só será verdadeiramente transformadora se continuar a ser profundamente humana.

O futuro que nos visita hoje foi construído ontem – por quem acreditou, por quem sofreu, por quem ousou. E a pergunta que nos orienta não é apenas “o que conseguimos fazer com a tecnologia?” Mas sim “ o que podemos fazer pelos outros?“

Neste caminho, inspiramo-nos no mais antigo dos aforismos:
“Conhece-te a ti mesmo”

Essa máxima, inscrita no Templo de Apolo em Delfos e retomada por Sócrates, é mais atual do que nunca. A prática médica exige de nós um olhar interior. Porque um Profissional de Saúde que não se conhece não compreende plenamente quem cuida. E a tecnologia que não se humaniza, apenas mecaniza.

No Centro Cirúrgico de Coimbra acrescentámos a “ Medical Technology” porque somos guiados por uma Filosofia de cuidado integral – onde o conhecimento técnico é o instrumento, não o fim. Cuidar é mais do que tratar; é ouvir, é respeitar, é criar vínculos.

Investimos em equipamentos de elevada precisão para alicerçarmos diagnósticos ou obtermos melhores resultados terapêuticos – sim, mas acreditamos que a verdadeira precisão / dimensão nasce da relação construída, da confiança, da escuta, do tempo “ dado” ao Outro.

As neurociências que praticamos são pensadas de forma integrada, damos saúde ao cérebro, serenidade ao sistema imunitário, paz ao intestino, mobilidade ao corpo e espaço para uma espiritualidade livre, escolhida, praticada – baseada na pergunta: “ Quem sou Eu?” A resposta terá de ser construída por cada um de nós.

Praticamos uma Medicina que caminha entre redes neuronais, entre a biologia e o silício, entre a luz da ciência e a arte de cuidar. E, apesar dos avanços, não esquecemos que também construímos labirintos. Por isso, cultivamos consciência – e não só conhecimento.

Este é o nosso compromisso e o caminho que trilhamos:

Integrar a mais avançada tecnologia com a mais autêntica Humanidade.
Praticar uma Medicina ética, sensível, rigorosa e responsável.
Reconhecer os nossos limites e aprender com os nossos erros.
Promover o cuidado como gesto de amor, não como ato mecânico.
Ter como parceiros Profissionais que sejam humanos – não técnicos que operam máquinas.

Porque, afinal, a máquina nunca será o médico. E, o Médico / Profissional de Saúde jamais será apenas uma máquina.

Seremos, enquanto habitarmos este planeta – ou mesmo quando olharmos as estrelas – seres humanos falíveis, mas profundamente determinados em melhorar o mundo à nossa volta, o convite para o autoconhecimento proporciona essa reflexão.

Conhecermo-nos é o primeiro ato de coragem.
Cuidar é o segundo, mas fazê-lo com ciência, admiração e respeito, para que a Medicina que praticamos seja um elo de liderança e a diferença que a diferença faz e o Doente acarinha.

É esta a nossa ambição.

Completar 26 de existência só nos dá mais responsabilidade.

Obrigado por acreditarem em nós!

António Travassos
(Médico Oftalmologista)

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