Há um claro efeito que pode durar semanas ou meses. As infiltrações são, cada vez mais, uma arma terapêutica para patologias músculo-esqueléticas e no controlo da inflamação/dor. Os corticoides são um dos medicamentos mais usados, mas há outros
Numa conversa de amigas, uma senhora que foi recentemente observada em consulta de Ortopedia, conta que lhe foi proposto fazer uma infiltração. As amigas perguntam: O que é isso? Doeu-te? Tem riscos? Resultou?
O que é uma infiltração?
Uma infiltração consiste em injetar uma substância diretamente numa área lesada, normalmente realizada à volta das estruturas lesadas ou, em casos específicos, dentro das articulações. As infiltrações mais frequentes efetuadas são no ombro, cotovelo, mão, anca, joelho e pé. As substâncias injetadas normalmente são medicamentos e os corticoides são os mais usados. O corticoide é um anti-inflama- tório potente que atua localmente e ajuda na diminuição da inflamação local e, seguidamente, na diminuição da dor. Juntamente com os corticoides é frequentemente adicionado um anestésico local para diminuir a dor da picada e efeito analgésico posterior.
Outros tipos de medicamentos podem ser injetados como por exemplo o ácido hialurónico. A viscossuplementação (injeção de ácido hialurónico) é frequentemente usado nas artroses em estádios iniciais. A viscossuplementação é usada frequentemente a nível do joelho, sendo que pode ser usada noutras articulações. A infiltração com ácido hialurónico tem excelentes resultados nas artroses iniciais. Outra substância infiltrada são os PRP (plasma rico em plaquetas ou platelet-rich plasma). O sangue é constituído com glóbulos vermelhos, glóbulos brancos, plaquetas e plasma. As plaquetas possuem vários fatores que ajudam na cicatrização de tendões, ligamentos, músculos, cartilagem e osso. No plasma rico em plaquetas, comparado ao sangue normal, contém uma concentração 3 a 5 vezes maior de fatores.
Dói?
Nas infiltrações são usadas agulhas finas, na maioria das vezes de tamanho inferior a uma colheita de sangue normal. Na grande maioria das infiltrações, ao corticoide é adicionado um anestésico local tipo lidocaína, para a diminuição da dor local no momento da punção e nos dias posteriores. Durante o procedimento pode acontecer uma reação vagal (sensação de desmaio, calores ou frios, má disposição), provocado maioritariamente pelo receio inicial do procedimento e da dor local. Esta reação vagal acontece raramente e a pessoa recupera espontaneamente.
Nos primeiros dias após a infiltração, poderá ter mais dor, devido aumento de tensão na zona que foi infiltrada. Essa dor poderá provar dificuldade na mobilização da zona infiltrada. Deverá colocar gelo local e tomar analgésicos se for necessário. As melhorias clínicas surgem frequentemente a partir do 2-3º dia do tratamento.
Tem riscos?
Apesar de serem pouco frequentes, as complicações podem ocorrer. Durante o procedimento, como referido anteriormente, pode ocorrer uma reação vagal
(má disposição e sensação de desmaio). Poderá formar-se um pequeno hematoma no local da infiltração ou ficar edemaciado e com calor local. Quando não tomados os cuidados asséticos exigidos, o ato da infiltração poderá promover o caminho para uma infeção. Em alguns casos, a pele pode torna-se mais branca e fina (despigmentação) no local da infiltração. Essa situação é normalmente transitória e recupera ao fim de alguns meses.
Em média, os efeitos colaterais em injeções com corticoides têm uma probabilidade de 1%, sendo que na sua maioria são temporários. Contudo, se for alérgico a qualquer um dos componentes, deverá avisar o seu médico ortopedista.
Resulta?
O período efetivo da infiltração é variável. Pode variar entre algumas semanas até vários meses. Nalguns casos, basta uma infiltração para remissão total dos sintomas. A melhoria da dor facilita a execução de outros tratamentos como a fisioterapia. Nos primeiros dias após a infiltração, deverá aplicar gelo no local de injeção e, nalguns casos, poderá recorrer ao uso de medicação para a dor. Nos dias seguintes à infiltração poderá realizar a sua vida normal, expecto esforços físicos e grandes mobilizações da zona infiltrada.
A viscossuplementação traz benefício para dor e função, e pode alterar favoravelmente o curso da artrose, melhorando quantitativamente e qualitativamente a cartilagem articular. As PRP melhoram o processo de cicatrização e são uma técnica promissora. Estão em curso vários estudos sobre a sua utilização.
Em suma, as infiltrações, quando bem indicadas e realizadas com uma técnica criteriosa, são uma excelente arma terapêutica para determinadas patologias músculo-esqueléticas. O uso das infiltrações pode ajudar no controlo da inflamação, da dor e facilita a execução de outros tratamentos como a fisioterapia. As infiltrações são uma técnica segura com raros efeitos colaterais.
Ugo Fontoura
(Médico Ortopedista)
Existe em França a suplementação por GEL . Com a finalidade de repor material desgastado .
ReplyEm Coimbra existe ?
Boa tarde, deverá agenda consulta para percebermos quais as suas necessidades e problemas.
ReplyGostaria de passar em consulta para verificar se posso fazer a viscossuplementação.
ReplyFavor informar o telefone de contato do centro ortopédico.
Grata,
Patrícia Regina de Moraes
Boa tarde, o número geral para marcação de consultas é o 239802700. Se por acaso não atenderem no imediato, deve aguardar um momento, porque iremos devolver a chamada assim que nos for possível. Também pode utilizar o formulário de marcação de consulta que disponibilizamos no nosso site em http://www.ccci.pt. Cumprimentos
ReplyBoa tarde.
A terapia com PRP é apenas eficaz num período curto após a lesão ou, em teoria, deverá funcionar algum tempo após a mesma (por exemplo, um ou dois anos depois)? No meu caso em concreto, refiro-me ao meu LLI – tive uma lesão que afectou o meu LCA (entretanto reconstruído) e o meu LLI (grau II, que mantém alguma lassidez).
Muito obrigado.
ReplyBom dia.Sugerimos que agende uma consulta para avaliação, para que o médico especialista perceba se o tratamento com PRP é ou não adequado ao seu caso.
ReplySendo eu uma doente hipocoagulada (Eliquis), quais os riscos?
ReplyObrigada
Boa tarde, para a sua situação, qualquer procedimento invasivo deve ser avaliado pelo médico, em consulta. Fique bem.
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