A dor é incapacitante e a solução tem sido farmacológica. Não tem que ser assim, o exercício físico pode substituir os habituais analgésicos ou anti inflamatórios. A eficácia no controle da dor é a mesma

Para o doente que tem artrose no joelho e, consequentemente, dor, a solução pode parecer estranha. Não deve ficar admirado se, na próxima consulta, lhe mandarem fazer exercício físico, para substituir os habituais comprimidos a que recorre quando tem dores.

As orientações internacionais seguem agora esse caminho. Na base estão, não um, nem dois ou três, mas sim vários estudos científicos, que vieram demonstrar que o exercício físico adequado pode ter um resultado igual ao tratamento farmacológico. A toxicidade destes medicamentos, seja para o aparelho digestivo, seja para a função cardiovascular, acaba por limitar o uso desta terapêutica e a dor pode ser um quadro permanente e incontornável.

A osteoartrose ou, como é conhecida em termos populares, a artrose, é uma doença degenerativa que envolve toda uma articulação. A qualidade e a quantidade de cartilagem sofrem alterações e, em última instância, pode mesmo desaparecer. A degradação da cartilagem é um processo que pode demorar dezenas de anos, salvo algumas exceções, em que surge com um avanço rápido. Num e noutro caso, as inflamações articulares e a dor estão sempre presentes.

Não existe cura para a artrose e os tratamentos disponíveis apenas visam reduzir a dor e, tanto quanto possível, melhorar a função da articulação. Só depois de esgotadas todas as possibilidades, é que se propõe uma solução limite, que passa por um implante, ou seja, uma solução artroplástica que irá substituir a articulação, seja no joelho ou na anca.

Até chegar a este fim de linha, é função do médico proporcionar o melhor conforto para o doente e, até há algum tempo, a solução passava sempre pelo tratamento farmacológico.

Hoje, pode-se acrescentar uma segunda solução, mais inócua e sem contra indicações, o exercício físico. Para a artrose do joelho as propostas de exercício têm como objetivo melhorar a capacidade física aeróbica, mas também a melhoria do aparelho extensor do joelho e, por fim, a função de todo o membro inferior. Os resultados efetivos podem ser sentidos no final de algumas semanas de exercício físico, que devem ser feitos a um ritmo de 3 vezes por semana.

Para iniciar esta atividade e para uma melhor aprendizagem dos exercícios específicos, é sugerido o acompanhamento de um fisioterapeuta ou de um especialista em treino físico.

Além destes exercícios físicos, direcionados para a mobilidade e flexibilidade da articulação, é também recomendada a prática de exercícios aquáticos e ainda o recurso ao Tai Chi, uma arte marcial chinesa, que combina exercício físico com meditação.

Os benefícios relevantes, no controle da dor, serão sentidos logo no final das primeiras semanas. Além de melhorias na mobilidade, os estudos realizados vieram comprovar a existência de um efeito direto no controle da dor, devendo por isso, ser esta a primeira escolha, reservando-se a intervenção farmacêutica para situações de dor exacerbada ou intensa. Importante ainda lembrar que para atrasar a evolução de uma artrose é fundamental que se evite o mau uso ou a sobrecarga dessa mesma articulação, não sendo por isso de menosprezar a necessidade de manter um peso saudável ou a inibição de atividades que podem ser prejudiciais.

Pedro Marques
(Médico, Ortopedista)

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