O principal sintoma é a dor, anónima e invisível, porque escapa à filtragem dos exames de diagnóstico. A par com a dor, chega a fadiga, a ansiedade, as perturbações do sono… As causas não são claras e por isso não há como prevenir, tal como não existe uma cura, porque esta é uma doença crónica. A solução passa por adequar o tratamento a cada doente e em cada fase da doença. O exercício físico é de prescrição obrigatória e transversal.

A fibromialgia não é uma questão de crença, é uma doença, classificada como crónica, afeta cerca de 2-4% dos adultos, e é mais frequente em mulheres, entre os 30 e os 50 anos. Os sintomas são vários, mas o diagnóstico não pode ser comprovado por análise de sangue ou outro tipo de exame e por isso poderemos definir a fibromialgia pela presença de uma dor anónima e invisível.

A história clínica, a observação médica, a avaliação e duração do tipo de dor são a base para começar um processo de confirmação de diagnóstico de fibromialgia. A doença é caracterizada por dor músculo-esquelética generalizada, difusa e muitas vezes migratória, com uma duração superior a três meses. Esta mesma dor pode aumentar por exposição a uma diversidade de estímulos, como o esforço, o stress ou os ruídos.Contudo, na maioria das vezes a dor é flutuante, variando na intensidade.

A dor não é o único sintoma, poderemos somar outros, como o cansaço crónico, a alteração do padrão do sono, ansiedade, nervosismo e depressão, enxaqueca, problemas digestivos e bexiga hiperativa, simulando infeção urinária, entre outros. Não raras vezes, os sintomas sofrem variações na intensidade, mas também podem desaparecer ou diminuírem temporariamente

A origem e a causa da fibromialgia não são muito claras. Pensa-se que existe um aumento da sensibilidade à dor, devido a alterações dos neurotransmissores e do processamento da dor, tanto a nível do sistema nervoso periférico como do sistema nervoso central, que conduz a situações de hipersensibilidade a estímulos externos. Ou seja, admite-se que a mensagem ou os estímulos que os músculos enviam para o cérebro são interpretados de uma forma exagerada. O stress psicológico (preocupação, ansiedade) favorece este mecanismo, além de aumentar também a tensão que se transmite aos músculos, aumentando a dor.

Sem controlo, a fibromialgia é uma doença incapacitante e causa de sofrimento substancial, daí que seja importante o diagnóstico precoce de forma a instituir as terapêuticas e cuidados adequados para a doença. As medidas podem e devem centrar-se na prática de exercício físico, adaptado à situação de cada doente ou tão só por trabalho/exercício em piscina. Admite-se que a prática regular de exercício físico é um importante aliado no controlo da dor, mas também porque contribui para promover o bom humor. Em algumas fases da doença, o controlo dos sintomas pode necessitar de prescrição terapêutica, seja com relaxantes musculares e antidepressivos, seja analgésicos.

João Rovisco (Médico Reumatologista)


Semelhanças com a artrite reumatoide

São ambas doenças crónicas e a dor é um sintoma comum, tal como os distúrbios do sono e a fadiga. À primeira vista podem parecer semelhantes, mas nem tudo é igual entre a fibromialgia e a artrite reumatoide. A artrite reumatoide está localizada nas articulações e é aí que a dor se manifesta.

Mas não só, porque neste caso, a dor é visível e o diagnóstico pode ser facilmente comprovado. Ou seja, para se chegar a um diagnóstico de artrite reumatoide é possível a observação direta das articulações afetadas, que se apresentam inchadas e a ajuda de exames complementares, como as análises clínicas e a radiologia, acabam por confirmar o diagnóstico. A origem ou a causa desta alteração visível nas articulações pode estar na interação de fatores de risco (como tabagismo e infeções) com a existência de predisposição genética.

Embora seja uma doença crónica, a artrite reumatoide pode ser controlada com terapêutica adequada e, caso a progressão da doença deforme as articulações, pode ser sugerida uma cirurgia reparadora.

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