É o maior dos mamíferos na natureza que vive em liberdade em Portugal. Pode medir 2 metros de comprimento e pesar mais de 170 quilos. Chama-se cervus elaphus ou veado. Mas para o imaginário infantil será sempre um “bambi”. Na Serra da Lousã vivem mais de 3 mil e até novembro é fácil encontrá-los a bramar
Se à beira da estrada vir uma placa de sinalização com o desenho de um veado, não fique a pensar que é engano ou uma brincadeira. Se andar por terras da Serra da Lousã, eles podem mesmo aparecer. A última contagem (feita há 2 anos) dava conta que existirão mais de 3 mil veados naquele território, mas na década de 90, estavam em extinção. Um biólogo e um programa de reintrodução de veados na Serra da Lousã deu frutos e o cervus elaphus passou a ex-libris daquela Serra, envolvendo os concelhos de Lousã, Figueiró dos Vinhos, Penela, Miranda do Corvo, Góis, Castanheira de Pera e Pampilhosa da Serra.
Para o imaginário infantil, são mesmo os “bâmbis” que moram aqui ao lado, bem perto de Coimbra e é no Outono que estes animais em estado selvagem podem dar mais nas vistas e serem avistados facilmente, fora da sua zona de conforto. Tudo por causa do acasalamento. De setembro a novembro abre a época da brama dos veados. Um ritual que aumenta a probabilidade de serem avistados, sem necessidade de os visitar no Jardim Zoológico.
O seu habitat natural são as zonas florestais de densa cobertura, mas a brama faz com que saiam para as clareiras e por isso esta será a melhor época para serem avistados. Durante a brama, o veado macho tem de se esforçar para atrair as fémeas e afastar os outros machos e por isso os bramidos (sons bem fortes), que acontecem quase sempre ao nascer ou ao pôr-do-sol. A aproximação física dos humanos não é de todo aconselhada neste momento, não só porque o animal está com o cio e mais agressivo, mas também porque pode sentir-se ameaçado. Este é um momento de confronto direto com outros machos e a luta com o adversário acaba por acontecer. Há sinais destas marcas de território que ficam visíveis nos pinheiros, porque antes de as cervas fazerem as suas escolhas, é preciso que se cumpra todo o ritual de acasalamento.
O avistamento pode e deve ser feito ao longe, até porque muito antes de ver um veado, ele já percebeu a sua presença, só pelo cheiro. O território da Serra da Lousã tem várias empresas que se especializaram em contar estas histórias, durante as visitas guiadas. Conhecem os recantos da Serra e até já batizaram alguns animais e/ou alguns dos sítios.
Conceição Abreu
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