Temos tido tempo para envelhecer e, hoje, a esperança média de vida está nos 80 anos. Nem sempre foi assim, e nem todos os animais acompanharam esta evolução da esperança. A efémera, uma libélula, continua a viver apenas 24 horas, o tempo necessário à reprodução.

Não há uma razão para o homem envelhecer, porque depois de ter gerado descendentes, o indivíduo já não faz diferença para o futuro da espécie. Partimos do princípio que o homem nasce com a morte programada. Apesar de mamíferos e de sermos uma das mais sofisticadas espécies, o nosso tempo de vida continua a ser limitado. A imortalidade ainda não é para nós.

A morte é um destino certo, mas também é verdade que, cada vez mais, a morte chega mais tarde e temos tido tempo para envelhecer. O paradigma mudou apenas no último século e, no Ocidente, a expetativa de vida subiu 25 anos. Hoje, a esperança de vida à nascença está nos 80 anos, mais 16 anos do que a esperança de vida de quem nasceu em 1960. Na época dos antigos romanos, essa mesma esperança era de apenas 20 anos. Um terço morria antes de fazer seis anos e aos 26 já tinha morrido 75%.

Nem todas as espécies registaram uma evolução da longevidade. Nos animais domésticos o envelhecer pode ser registado, mas noutras espécies, como a libélula efémera, a vida continua a ser assim mesmo, breve e fugaz e raramente dura mais do que 24 horas, começando a contar a partir do momento que desenvolve as suas asas. E o seu propósito é único, a reprodução.

Para o homem, a norma da longevidade começou a alterar-se significativamente no século XX. As vacinas, os antibióticos, as condições sanitárias e a saúde pública trouxeram a longevidade. Depois, a medicina e as novas tecnologias alteraram as estatísticas. Aprendemos a envelhecer, um privilégio da civilização e/ou uma negligência da seleção natural.

Ainda não sabemos muito bem como funciona o relógio orgânico, mas já é certo que o envelhecimento não se instala de repente num adulto, da mesma forma que não afeta todos do mesmo modo, no mesmo momento ou com a mesma intensidade. Pode-se ser velho aos 45 anos e jovem aos 70, porque envelhecer não é uma mera passagem do tempo, é uma manifestação de eventos biológicos que ocorrem ao longo de um período de tempo.

Todos nós começamos a envelhecer, logo após o nascimento. Quanto tempo vai durar esse mesmo envelhecimento está dependente dos fatores genéticos, mas numa parcela diminuta, de apenas 30%. A grande fatia é da responsabilidade de cada um de nós, porque são os comportamentos e o estilo de vida que vão determinar em 70% a longevidade de cada um.

O século XX trouxe ganhos e vitórias, mas a profecia de Adão continua atualizada, “Tu és pó e ao pó voltarás”.

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