As mulheres adoram saltos altos e ponto final. Nem as estatísticas das mazelas alteram o facto de a escolha recair quase sempre nesta opção
Os pés são a nossa base de suporte, mas se não estão felizes, nada acima deles poderá sorrir. Mesmo assim, elas sorriem, não é estoicismo, é um gosto, com riscos assumidos. Senão vejamos, uma em cada 10 mulheres usa saltos altos, pelo menos, três vezes por semana. Destas, 1/3 já caiu quando os usava.
Ao trauma da queda, juntamos outros efeitos. O salto alto pode melhorar a tónus da musculatura pélvica, o que tem sido descrito como benéfico para a incontinência urinária, mas também forçam o corpo a deslizar para a frente, o que enfatiza nádegas e seios, tornam a aparência da perna mais longa e o pé mais pequeno, mais elegante e sensual. Mas, os saltos altos também fazem deslizar a maior parte do peso do corpo para a frente, criando um problema de “balance”, forçando ancas e joelhos, além de modificarem a postura, alteram o centro de gravidade e o padrão de marcha. O ângulo do pé com a perna também sofre modificações e a massa dos gémeos é realçada.
Existem argumentos de natureza médica que não recomendam o uso dos saltos altos. Além de aumentarem as probabilidades de entorse ou fratura do tornozelo, os saltos altos podem causar um encurtamento do tendão de Aquiles, provocam aumento e rigidez dos gémeos, podem criar deformidades nos dedos dos pés
(joanetes, dedos em martelo e calosidades), alteram o padrão de marcha e podem predispor para alterações degenerativas do joelho, além de provocarem dores de costas, ou a chamada dor lombar. Se os ditos saltos tiverem mais de 13 centímetros, a distribuição de peso será sempre incorreta. A cada passada, a carga que é colocada nos dedos dos pés é de 90 a 100%.
Há um outro problema crítico que se junta a todos estes e não está no salto, mas sim na forma, isto é o desenho da caixa. Dependendo da forma do pé, ele terá de estar adaptado ao sapato em geral e não apenas ao salto. Na realidade o sapato deve ser adaptado a cada pé e uma caixa demasiado estreita cria certamente um problema nos dedos e na colocação dos metatarsos. Para além do salto, um qualquer sapato precisa de plataforma, uma “box” para apoio dos dedos, um contraforte para apoio do retropé e ainda um apoio do arco interno do pé. Basicamente, os saltos altos acabam por ficar com uma má reputação para um uso diário.
A segunda opção é feita a pensar no conforto e os sapatos rasos, de “ballet” ou sabrinas são a escolha que se segue. Mas, esta, também não é a melhor opção.
Os sapatos de salto raso não dão o suporte adequado, nem absorvem o choque com o solo. Podem parecer cómodos, mas não têm uma caixa adequada, nem apoio para o retropé.
Os saltos rasos também têm efeitos. Não permitem que haja um apoio correto do arco interno do pé, com consequências agravadas ao longo do tempo, aumentam a tendência para o aparecimento de fasceíte plantar, diminuem a pressão no antepé, provocam dor localizada no calcanhar, condicionam a dor lombar e dos tornozelos, porque o centro da gravidade fica mais para trás e o seu uso continuado pode levar a uma rotação interna dos pés, com aparecimento de dor nos tornozelos e joelhos.
A melhor escolha e a mais saudável vai para os sapatos com o salto entre os 3 e os 5 cm, o tamanho recomendado para as atividades do dia-a-dia. Contudo, os saltos altos e baixos não devem ser proibidos, mas devem ser usados alternadamente.
Cada pé é um pé e, na altura de escolher sapatos, além do tamanho do salto, devemos ter presente a medida correta. O sapato deve ter uma boa plataforma, apoio interno, caixa adequada aos dedos e contraforte rígido. Se necessário, pode usar palmilhas adequadas para evitar o impacto nos joelhos. Durante a tarde é a melhor hora para comprar sapatos novos. Nessa altura do dia, a musculatura dos pés já está distendida e há um maior afluxo sanguíneo.
(médica ortopedista)
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Bom dia. Tenho joanetes nos dois pé, no pé esquerdo, o osso inflamado, dói-me o dia todo. Já fui a um ortopedista na CUF e indicaram que após operação deveria ficar imobilizada umas 3 semanas e sem fazer exercício físico, o que me causa muito incómodo, uma vez que tenho um bebé com 14 meses e sou mãe solteira, tenho se ser eu sozinha a pegar nele e a tratar dele e tenho gosto e necessidade de fazer exercício físico diariamente. Pelo seu método, quanto tempo tenho de estar imobilizada? Dá consultas em lisboa ou tenho de me deslocar a Coimbra? Existe internamento ou no próprio dia posso ir para casa no próprio pé? Não posso conduzir quantos dias depois? Tenho seguro pela Multicare, Obrigada
ReplySugerimos que leia estas informações, para obter mais esclarecimentos sobre este tipo de cirurgia e por isso envio dois links. Contudo, como deve perceber, cada caso é um caso e só depois de uma observação em consulta é que poderá ter respostas concretas. A consulta terá de ser feita em Coimbra, sim, não estamos em Lisboa e, em princípio, esta intervenção permite que vá para casa no próprio dia. Mas, como referi, cada caso é um caso e o cirurgião terá de fazer uma avaliação
https://www.ccci.pt/3-factos-que-deve-saber-sobre-a-cirurgia-percutanea/
https://www.ccci.pt/adeus-joanetes/
ReplyBoa noite!
Após leitura atenta e muito interessante dos comentários e esclarecimentos supra referidos porque também tenho joanetes e há três meses que ando de sabrinas pois o do pé esquerdo esfola e inflama. Pergunto em quanto pode ficar mais ou menos a cirurgia. Tenho RNA/medical mas sei que a comparticipação é muito reduzida.
ReplyAtentamente.
Só depois de o/a cirurgião fazer uma avaliação da sua situação é que lhe poderá ser dado um orçamento com o custo da intervenção. Sugerimos que marque uma consulta.
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