A fraqueza já existiria nos deuses gregos e por isso o nome de Aquiles, quando na verdade se chama tendão calcâneo. Mas, apesar de este ser o tendão mais forte do corpo humano, também tem as suas fraquezas e a rotura é, decididamente, a maior
Dê um passo em frente ou suba o primeiro degrau. Conseguiu? Pois bem, foi graças ao trabalho conjunto dos músculos (gémeos) e do Tendão de Aquiles. O impulso para a passada, para saltar, para correr ou ficar na ponta dos pés, sai dali, do calcanhar e é o tendão calcâneo que proporciona essa agilidade.
Suporta mais de 12 vezes o peso do nosso corpo e por isso é definido como o tendão mais forte de todo o corpo humano, mas isso não significa que não sofra fragilidades e a rotura é, decididamente, o pior que lhe pode acontecer. É certo que está revestido de algumas proteções, como uma almofada (a bursa) e ainda tem uma espécie de capa protetora (paratendão), mas o Tendão de Aquiles também tem as suas vulnerabilidades, 2 a 6 centímetros acima do calcanhar. É aqui que se concentra o stress que pode levar à temida rotura.
Não existe uma razão direta que explique essa rotura, porque tanto pode acontecer em não desportistas, como em desportistas ocasionais e em adeptos de exercício físico regular. O sexo masculino e a faixa etária dos 30 aos 50 anos parece ser um denominador comum.
Junte-se ainda a sobrecarga por treinos muito intensivos, uso de sapatos inadequados, o desalinhamento dos pés, mas também a prática de atividades de impacto e força, como o levamento de peso ou o futebol. Admite-se que, antes da rotura total, exista alguma degeneração ou tendinopatia, com sintomas nem sempre valorizados.
O certo é quando se dá a rotura os sintomas são bem notórios, pela dor e incapacidade, mas também pela descrição sonora, uma vez que é sempre acompanhada por um estalido. A incapacidade de marcha e a diminuição da flexão plantar, depressa conduzem ao diagnóstico que não se quer ouvir e que será confirmado por exames de diagnóstico, como a ecografia e a ressonância magnética.
O incidente deve ser acompanhado por médico ortopedista e a solução/tratamento deve ser objeto de análise e ponderação. Existem três opções: tratamento conservador; tratamento cirúrgico e técnica percutânea.
Vamos explicar. Se a opção for pelo tratamento conservador, não será feita nenhuma correção cirúrgica. Será colocado gesso até à coxa e durante um mês. No final desse período será substituído por outra imobilização gessada durante mais 30 dias. Esta opção tem um risco elevado de existir nova rotura, que pode chegar a 20%.
Existe ainda a opção cirúrgica, que reduz a possibilidade de surgir nova rotura mas, por comparação com o tratamento conservador, comporta um risco de infeção com problemas de cicatrização da pele. Nesta opção, as técnicas cirúrgicas são variadas.
A terceira e última opção passa por fazer uma intervenção percutânea. Ou seja, um compromisso entre a cirurgia e o tratamento conservador, com a intenção de ter um melhor resultado funcional, menor risco de cicatrização e de infeção. Quando se recorre à técnica percutânea, a correção é feita através de duas pequenas incisões punctiformes, cerca de 4 a 5 centímetros acima do local da rotura, por onde são introduzidas duas âncoras e arpões.
Após a intervenção é necessário recorrer a uma bota gessada, mas no dia seguinte à intervenção, já é possível fazer o treino de marcha em descarga. A imobilização deverá manter-se por 6 semanas. Ao 45.º dia, as âncoras são retiradas e é prescrito um programa de reabilitação progressivo (fisioterapia), para que a relação entre músculo e tendão se reabilite. A cicatrização completa ocorre entre as 8 e as 12 semanas.
Ana Rita Gaspar
(Médica ortopedista)
Boa tarde
ReplyFiz uma rotura na vertical de 7 cm conforme ressonância no tendão de Aquiles
Como não tive dor fiz durante 2 semanas gelo pomada e descanso a seguir realizei rx ecografia às partes moles fui ao médico que mandou fazer fisioterapia.
Quando vista pelo médico fisiatra este pediu RM viu o resultado e mandou a um ortopedista de pé e tornozelo particular e este disse que era para operar mas como não tenho hipótese de ir para um particular recomendou fisioterapia que já fiz 15 sessões
Não tenho dores só não consigo por me em bicos de pé. Não sei se será RECEIO!
Tenho 66 anos e estou um pouco nervosa pois não fiz gesso e fico apreensiva se irei recuperar
Agradecida
Manuela
Bom dia, não podemos ajudar sem que seja feita uma avaliação médica.
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