Escrevi este texto, há alguns meses atrás, deixando-o ficar “resguardado”, porque senti que podia causar mais fogo, que solução. Hoje observei-o! O texto é o mesmo, mas observei-o com outros olhos, outra visão.

Lembro-me que no passado era bastante utilizada a tática do contrafogo, para vencer os fogos mais ferozes. Hoje, vi este texto assim.

É da minha responsabilidade a partilha do mesmo, cabe a quem o lê, julgar e sentir-se motivado (ou não) para participar na sua propagação.

Obrigada.

António Travassos.

O meu país arde porque é combustível ou comburente? Arde por maldade ou ignorância? Por oportunismo ou desleixo? Talvez porque queremos viver “melhor”. Arde por falta de cultura, de respeito e por desigualdade? Arde porque a sociedade se confunde entre o “faz de conta e as contas que as contas fazem”.

A sociedade é genericamente pobre. E, tanto mais pobre quanto é aliciada a gastar. São os mais pobres que gastam, os mais ricos investem. Quem paga? Os mais pobres… e até quando? As formas mais recentes das ciências do consumo, dominam o universo e permitem lucros exorbitantes, muitas vezes imorais e não raramente insustentáveis. Formam-se novas religiões, criam-se novos deuses e atiram-se para o inferno os que mais creem em Deus. O dinheiro é dono da verdade, do poder e da ilusão. Aliciam tudo e todos!

O homo sapiens é um criador de ilusões…

Deixou de fazer trocas usando a cevada (Sumeria), envolveu-se desde sempre em guerras religiosas, mas desde que criou moeda, nunca mais se preocupou com a religião do seu cliente. Com burka ou de bikini, compra e vende bolas de Berlim da mesma forma a um cristão, protestante, budista ou muçulmano. Negócio é negócio, independentemente do local, da época do ano, ou da saúde do vizinho. Na religião, na educação, na finança ou na bolsa, os explicadores / corretores, trabalham no hospital, no infantário, ou na universidade, alicerçados na elasticidade das suas inteligências e na plasticidade de múltiplas memórias, para atingirem, sem complexos, o sagrado lucro. No xadrez em que se movimentam, apertam os atacadores para corridas de velocidade, em que arrecadam o dinheiro como medalhados dos cem metros. Não acreditam na justiça porque nas metas que se propõem atingir, não há photo-finish nem árbitros.

Se administrarem um antibiótico que não tomariam, ou contaminam uma mosca que pousa na sua careca, ignoram o poeta porque sem parecerem o que são, são aquilo que ele parece “António Aleixo”, mas disso não se envergonham. Que estranha forma de vida a deste País que faz estátuas aos poetas e cultiva o cristianismo como doutrina humanista e credível para uma sociedade melhor.

Enquanto isso, o meu país arde por indiferença, por maldade, por falta de educação, e por mediocridade de alguns…

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