Abre os braços, acarinha, ignora a beleza, procura o entendimento, liberta o mais generoso calor e que tantas vezes chega a arder. Se arde pode fazê-lo em lume brando, desgastando-se num ambiente de gelo a derreter ou numa explosão que destrói vidas. O amor é tanto e tão pouco, repleto de razões que às vezes a razão não conhece e que a confundem. A mesma que regulada por neuro transmissores influencia comportamentos, que disparam em proporções ora ajustadas ora imprevisíveis.

Dessa alquimia probabilística  que dá mais vezes certo do que se poderia esperar de  uma outra mistura desconhecida, composta por múltiplos  ingredientes em diferentes quantidades, servida a diversas temperaturas, nasce algumas vezes com inebriante perfume, o Amor. Essa amálgama que queremos quente e fria, bem condimentada, repleta de segredos, de desejos, de compreensão e de querer que em muitas ocasiões não sabemos digerir, mas que nos alimenta, que nos torna felizes e nos doma para a melhor relação que podemos construir com os outros.

Sem amor cada um de nós, a nossa família ou a sociedade, perde coerência e cristaliza num icebergue de dor, de isolamento ou até revolta, que tantas vezes se torna difícil de aquecer. O tempo, esse privilegiado, que passa e ignora os sentimentos, deve ser reinventado, reformulado e vivido, numa nova oportunidade que seja capaz de  gerar a felicidade  a que todos temos direito e necessidade de aceder.

O amor é esse quente e frio que servimos e nos é servido na refeição do nosso dia-a-dia, que compõe a felicidade e nos dá sentido à Vida.

António Travassos

(médico oftalmologista)

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