É um defeito do sistema nervoso autónomo que provoca esses excessos de suor, esteja ou não calor. A especialidade de cirurgia torácica explica como se pode eliminar este desajuste que ocorre na termorregulação

Sendo a transpiração uma resposta biológica necessária para regular a temperatura corporal, a hiperidrose podem ser definida como um desajuste que provoca um excesso de sudorese, mesmo em ambientes climatizados, independentemente de o individuo sentir ou não calor.

Esta é uma patologia que se caracteriza pelo desajuste da termorregulação, função do sistema nervoso autónomo que depende de um tipo de glândulas sudoríparas especificas designadas de glândulas écrinas – localizadas com maior concentração ao nível das mãos, axilas e dos pés, mas também na cabeça. Esta alteração do sistema nervoso autónomo provoca uma transpiração excessiva e desnecessária das glândulas sudoríparas écrinas, que se revela muito incómoda, dado ser totalmente incontrolável e independente do calor e de períodos de atividade, porém intimamente relacionada com estados de ânimo, e em situações de stress e ansiedade, o doente ainda transpira mais.

A Hiperidrose mais frequente é a das palmas das mãos – hiperidrose palmar – que surge normalmente em idade pediátrica, muitas vezes associada à transpiração das axilas e dos pés ou à combinação de ambas.

A hiperidrose axilar isolada surge mais tarde, habitualmente pela terceira década de vida do indivíduo. Neste nível é importante diferenciar a hiperidrose (transpiração composta praticamente por água, que não revela cor nem cheiro) da Bromidose, uma patologia que afeta as glândulas sudoríparas axilares apócrinas, responsáveis por um suor mais viscoso, de cor geralmente amarelada e com cheiro próprio, que aumenta o desconforto dos pacientes.

Estas formas da doença enquadram-se na esfera da Hiperidrose Primária: resumidamente, está relacionada com um defeito do sistema nervoso autónomo.

Outra manifestação classifica-se como Hiperidrose Secundária que, por seu turno, surge associada a distúrbios hormonais como a diabetes, hipertiroidismo, problemas oncológicos, etc., manifestando-se mais tarde, através de uma sudação generalizada.

A solução exige sempre um diagnóstico correto e existem diferentes respostas terapêuticas. A simpatectomia Torácica Superior Bilateral é a cirurgia que trata definitivamente a Hiperidrose Axilar, Palmar e Plantar. Fazendo duas pequenas incisões de 3 mm, por baixo da axila, o cirurgião começa por introduzir um tubo flexível com uma micro câmara até junto do nervo simpático, situado nas costas, junto da coluna vertebral. Na outra incisão, o cirurgião introduz o clip de titânio que permite isolar o gânglio responsável pela produção de suor na região afetada pela Hiperidrose. A cirurgia demora em 10 a 15 minutos, estando o doente sob efeito de sedação. No final, o doente tem alta para domicilio e o seu problema fica resolvido de forma definitiva.

A Hiperidrose Palmar beneficia de tratamento cirúrgico, minimamente invasivo com uma taxa de sucesso na ordem dos 98% e que resolve de forma simples e definitiva o problema. Neste caso, surge também a possibilidade de aplicar botox nas mão, porém o tratamento revela-se doloroso e tem uma duração de cerca de dois meses. Para além da necessidade de efetuar uma manutenção regular, o paciente corre o risco de perder força muscular nas mãos, dado que a toxina botulínica bloqueia a musculatura.

Quando se trata de uma transpiração axilar de forma isolada, a cirurgia oferece resultados positivos, com taxas de sucesso de 98%. A aplicação de botox revela também bons resultados num período de 6 a 8 meses. Para estes casos de hiperidrose axilar apresenta-se uma terceira opção de tratamento com micro-ondas, através de um equipamento específico que utiliza micro-ondas eletromagnéticas para vaporizar e eliminar as glândulas sudoríparas écrinas e apócrinas das axilas.

Ao nível da Hiperidrose Plantar o controlo da transpiração revela-se mais complexo de tratar em todas as suas formas, sendo que aqui os resultados não são tão satisfatórios com os tratamentos atuais.

Javier Gallego 

(Cirurgião Cardiotorácico)

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