É com imagens de alta precisão que o seu coração pode contar mais do que já sabemos. A Ressonância Magnética Cardíaca é o exame de eleição e de grande relevância diagnóstica para um espectro cada vez maior de patologia cardíaca. A doença arterial coronária, por exemplo, pode agora ser acompanhada bem de perto
A doença cardiovascular continua a ser a principal causa de morte em todo o mundo, incluindo a Europa e um estilo de vida saudável é única base para a prevenção. Para o coração (e não só) isso significa não fumar, fazer uma dieta equilibrada, ser fisicamente ativo, moderar o consumo de álcool e controlar o peso corporal. São hábitos simples e práticos os que protegem o seu coração. O desafio está em manter estas mesmas regras ao longo de toda uma vida.
Por outro lado, visitas regulares ao médico assistente, ainda que não existam sintomas, permitem identificar sinais e fatores de risco que podem ser controlados, prevenindo assim eventos cardiovasculares, como enfartes ou acidentes vasculares cerebrais. E, não raras vezes, o seu médico precisa de saber como bate o seu coração, qual o ritmo, a frequência, qual o estado dos vasos sanguíneos, como se comporta em esforço, quais as alterações… etc.
De entre os vários exames de avaliação cardíaca, pode surgir a necessidade de realizar uma ressonância magnética ao coração. E, tal como em todos os exames de ressonância magnética, também se pretende recorrer a um exame de diagnóstico que capte imagens de alta precisão, utilizando os campos magnéticos para gerar imagens de toda a área do coração, de forma clara e precisa, sem recorrer à radiação. É um exame indolor e não invasivo. Através dele, é possível o diagnóstico de múltiplas doenças.
O equipamento de ressonância permite ao técnico fazer a aquisição das diferentes imagens do coração, as quais serão arquivadas em suportes digitais. Posteriormente, os médicos cardiologista e radiologista acedem a essas imagens arquivadas, visualizando-as em monitores de alta definição e relatam o exame. No caso particular da ressonância magnética cardíaca e no Centro Cirúrgico de Coimbra, a realização deste exame é sempre acompanhada por um médico cardiologista.
A Ressonância Magnética Cardíaca (RMC) tem vindo a adquirir grande relevância na avaliação diagnóstica de um espectro cada vez mais amplo de doenças cardíacas. Por ser tão abrangente, a RMC possibilita avaliar a atividade do músculo cardíaco, o fluxo sanguíneo e diversas outras alterações do coração, como por exemplo o funcionamento dos ventrículos direito e esquerdo, doenças congénitas do coração, doenças da membrana que envolve o coração (pericárdio), doença cardíaca isquémica (como angina de peito ou enfarte prévio), arritmias, tumores benignos e malignos, entre outras. Geralmente, este é o exame de eleição quando se pretende investigar mais detalhadamente alguma suspeita de anomalia no coração ou quando outros exames não foram conclusivos.
Graças à evolução e precisão das técnicas de ressonância, a RMC tornou-se, também um importante exame complementar de diagnóstico na deteção e acompanhamento da doença arterial coronária. Esta é uma das patologias cardiovasculares mais comuns e está entre as principais causas de isquemia miocardia (redução do fluxo sanguíneo em territórios do coração), condição que pode levar a um enfarte agudo do miocárdio.
Através da ressonância magnética cardíaca é ainda possível simular o stress do exercício e carga, recorrendo a fármacos, conseguindo-se assim avaliar a perfusão cardíaca (ou seja, o fluxo sanguíneo nos vários territórios do coração). Este teste permite determinar se o coração está a ser irrigado com sangue suficiente enquanto o doente está ativo (“exercício”), por comparação com o estado de repouso. Durante o teste, é administrada ao paciente uma pequena quantidade de um medicamento que simula o exercício. Este medicamento faz com que as artérias coronárias dilatem de maneira semelhante ao que acontece no exercício físico permitindo, assim, avaliar a existência de placas no interior das artérias que podem prejudicar a irrigação do músculo cardíaco, e que mais tarde, podem causar um enfarte agudo do miocárdio.
Importante ainda é o facto de a RMC ser um exame não invasivo, pelo que não provoca qualquer dor durante toda a sua realização, que demora cerca de 30 minutos. Os equipamentos poderão causar algum desconforto ao paciente pelo facto de ser necessário permanecer imóvel durante algum tempo no seu interior. A RMC poderá ser realizada com sedação em casos especiais, como por exemplo em crianças ou em pacientes não colaborantes.
Nádia Moreira
Médica, Cardiologista
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