Se acreditarmos, voltaremos a ser felizes, apesar da incerteza e da teoria do Caos, porque Deus também falha

Quando Deus criou o Mundo e passou por Portugal vinha de “mãos largas”. Chegou ao Norte e criou os Montes de Santa Luzia e do Bom Jesus e brindou-os com as respetivas paisagens. Mais abaixo ergueu uma colina e ainda lhe regou os pés com água doce. Desceu mais uma centena de quilómetros e êxtase… Repetiu a dose. Fez uma pausa na caminhada, organizou Cortes, formou uma trupe, ganhou alento, e nova inspiração. Andou mais 200 quilómetros e aí esbanjou as colinas que lhe restavam.

São Pedro começou a ficar com um ar preocupado… “Senhor, o que estás a fazer?” Imperturbável e animado, iniciou nova caminha para Sul e a 300 quilómetros ergueu aquela Costa irregular, em que uma praia é interrompida por uma enseada, um estuário, uma ilhota… Uma ravina esculpida… E deu-lhe um Cabo.

Deus imaginou o pensamento do Companheiro e decidiu acalmá-Lo… “Vais ver o Povo que aqui vou pôr”… Presumo que São Pedro acreditou que Deus ia habitar este território com uma escumalha de gente que só gostaria de “ vinho e de gajas boas”. Mas enganou-se, porque Deus pôs aqui os “ Melhores”… Trabalhadores, poetas, doutores, professores, artistas e filósofos. Mas Deus também falha… E porque é um Artista esqueceu-se, presumo propositadamente, dos físicos e dos matemáticos… Apesar de acreditar no princípio da incerteza de Heisenberg e na teoria do caos.

Por isso a incerteza e o caos são heranças de Deus e a causa de sermos incapazes de prever o que estava a acontecer com SARS-CoV2.

Mas o povo afirma que Deus dá a chaga e a mãozinha… E a mãozinha aqui é a matemática. Vejamos: as equações matemáticas permitem-nos prever se vai chover, se o tempo vai ou não estar agradável, se vai haver trovoada. Depois, essa mesma matemática, habilita-nos a projetar os números trágicos da pandemia Covid-19 e a fazer previsões, mas também está preparada para nos ajudar a refletir se queremos continuar a construir hospitais de campanha ou, em alternativa, hospitais digitais, se entendemos ou não as Leis de Maxwell, e porque é que Universidade de Harvard tem escrito nas suas camisolas “and God said… and there was light”.

E, para que haja luz, necessitamos de um algoritmo mestre, que preveja e ajude a alicerçar famílias estáveis, com Amor e que gostem dos mesmos perfumes. O olfato sempre foi o sentido que nos permitiu cheirar o futuro… E a sua perda pode (algumas vezes) ser um primeiro sintoma de Covid-19. Por outro lado, a visão é o sentido ideal para continuarmos a ver a Obra-prima que é cada um de nós, a maravilha que é o nosso País e o Caos que nos rodeia. Mas se enxergarmos e quisermos, conseguimos… Eu, tu, ele, vós e eles são as parcelas da adição cuja soma dá… Todos nós. Se acreditarmos, juntos, voltaremos a ser felizes.

Mas para que isso aconteça, é preciso lembrar que a Felicidade é subtração, divisão, soma e multiplicação. A Felicidade é mesmo e tão só Matemática pura e aplicada com cheirinho a Amor.

António Travassos,
Médico oftalmologista

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