O médico apercebe-se do estado emocional do doente pela relação e comunicação que tem com ele. É no diálogo estabelecido que vai assentar o conhecimento dos contextos e vivências dos doentes. Para além do diálogo, comportamentos não-verbais como os gestos, a expressão facial, os tempos de resposta e o tom de voz, devem ser valorizados e exigem atenção por parte dos médicos.

A qualidade da relação do médico com o seu doente, vai facilitar todo o processo de recuperação. A Medicina requer uma visão global e dinâmica do doente, a personalidade, expectativas, crenças e vicissitudes do tratamento não podem ser esquecidas.

A relação paternalista que os médicos tinham com os doentes foi substituída por uma relação mais humana e participada, igualmente responsabilizadora do terapeuta. Deve-se afastar definitivamente a desvalorização do sofrimento ou negar a existência dos sintomas. Quando alguém se queixa é porque sofre, embora possamos não descobrir as causas ou a patologia. Assim, é também importante que se humanize a prestação de cuidados, condição essencial para perceber o doente, suas condicionantes de vida e dificuldades, para facilitar o conhecimento partilhado do que é ter determinadas doenças, ou como se lida e resiste ao desgaste que esse stress impõe no dia-a-dia.

A relação entre doente e médico terá de assegurar a confidencialidade, pois sabemos que esta tem uma importância no resguardar da intimidade e privacidade, no sucesso da abordagem terapêutica, para além de não fragilizar socialmente o doente. Tudo isto porque uma má comunicação e uma deficiente relação trazem repercussões na saúde e na vida de um doente.

Reis Marques (Psiquiatra)

(artigo resumido) Ver artigo completo na revista n.º 1 (páginas 14 e 15)

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