Não tem árvores e por isso as sombras são escassas. Não tem fontes de água doce, nem estradas ou carros. É por estas e por outras que mantém a classificação de Reserva Mundial da Biosfera. A Berlenga Grande é a única ilha com visitas programadas. Sugerimos uma visita a este território de área protegida, com ares de estado selvagem

Não é possível ir a pé e a nado não é para qualquer um. O barco é a opção mais prática para fazer o caminho entre Peniche e as Berlengas. Há quem enjoe e, se isso acontecer, perde a oportunidade de ver os golfinhos que se avistam durante a viagem. Previna-se em terra.

Agora que abriu a época de visita às Berlengas, sugerimos que não deixe passar a oportunidade. As visitas turísticas acontecem entre março e outubro e a ilha tem um limite máximo de pessoas por dia, 550 (em simultâneo). A programação da visita deve ser feita de véspera, antecipando a escolha do barco e, nalguns casos, da velocidade a que pretende fazer a viagem, mais lenta ou mais rápida. 

Os 10 quilómetros de distância entre o cais de embarque em Peniche e a Berlenga Grande costumam ser percorridos em 30 minutos (média) e são vários os operadores marítimos e turísticos que estão autorizados a fazer este percurso, proporcionando a viagem, mas também as condições para a prática de outras atividades, como mergulho, passeios nos trilhos ou nas grutas, canoagem e outros.

Quando atracar deve ter presente que vai pisar um território de área protegida e já classificado como Reserva Mundial da Biosfera. Não vai encontrar árvores, nem fontes de água doce, ruas ou estradas. Deve andar apenas pelos trilhos e não pensar sequer em sair do percurso traçado, acreditando que apenas está a pisar “umas ervinhas”. Ali, há exemplares de uma fauna única. Não deve apanhar plantas ou outras amostras geológicas e não deve alimentar os animais (iria estragar a dieta deles).

As ilhas do arquipélago das Berlengas são graníticas. Berlenga Grande é apenas a ilha maior, mas só tem 1,5 km de comprimento e 800 metros de largura. Não é assim tão grande, apenas no nome, mas é maior do que as duas outras ilhas que integram as Berlengas, as Estelas e os Farinhões.

Apesar de algumas casas, um forte e um farol, as Berlengas não têm propriamente uma população residente. Apenas o funcionário do farol, os pescadores que por ali pernoitam e os zeladores da reserva. No verão, a população aumenta, é verdade, mas não de residentes.

Junto ao ancoradouro existe uma pequena praia e é por ali que começa todo o percurso da visita, a chamada praia do Carreiro do Mosteiro. Pelo nome, logo se depreende que era ali que começava o trilho para o antigo mosteiro, construído na ilha, mas que não durou muito tempo. A pirataria constante não era compatível com a vida dos monges e por isso se justificou (mais tarde) a construção de um Forte.

A fortaleza foi construída para defender o território de piratas e de invasões e está implantada sobre um ilhéu no meio do mar. O acesso por terra faz-se por uma ponte de pedra em arcos e bem estreita e, hoje, o antigo Forte de S. João Baptista pode ser usado como alojamento/ casa-abrigo. Deve investigar as condições de alojamento na Associação de Amigos das Berlengas. 

Não é necessário dormir na ilha, mas se quiser passar por essa experiência, são apenas três as opções que existem. Para além do Forte, a segunda opção é o parque de campismo da Berlenga Grande, sinalizado pela imprensa estrangeira como um dos melhores da Europa, mas convém relembrar que ali não há sombras e devemos ainda acrescentar que existe na ilha uma população de gaivotas bastante persistente. A terceira opção é mais convencional e, para além da pensão onde pode pernoitar, o complexo também inclui o único restaurante que existe na ilha.

O percurso da visita também pode incluir uma passagem pelo Farol da Berlenga Grande. Uma construção do século XVII que começou por funcionar com candeeiros de azeite, mais tarde eletrificado, recorrendo a geradores e que hoje já funciona com energia solar.

A classificação de território de Reserva Natural vem da riqueza da fauna e da flora. Na fauna, seja pelas muitas e variadas espécies de peixes, seja pelas aves (aliás a observação de aves, é mais uma atividade que se pode fazer na ilha). Mas, também porque é ali que nidificam inúmeras aves, como o pica-pau, por exemplo, o falcão-peregrino ou a cagarra. As gaivotas parecem querer ser as donas disto tudo, mas não é bem assim. 

Junte-se a flora, com mais de uma centena de espécies herbáceas e arbustos e percebe-se facilmente porque aquele é um ecossistema único no mundo e com ares de selvagem. Acreditamos que não será a cor da água que explica a reserva marinha especial que existe nas Berlengas, mas não deixamos de associar as caraterísticas deste mar a tantas outras diversidades. Concluindo, a produtividade biológica é elevada e assim queremos que se mantenha.

Conceição Abreu

Taxa à entrada

Depois de limitar o número de visitas em simultâneo (550 por dia), a visita à Berlenga Grande está agora dependente do pagamento desta taxa turística. 

Os visitantes passam agora a pagar uma taxa turística de três euros, por dia e por pessoa, no acesso à ilha. Os descontos de 50% estão previstos para as pessoas com mais de 65 anos e para os visitantes entre os 6 e os 18 anos de idade.

As verbas angariadas destinam-se à proteção e valorização da ilha, como melhorias nas infraestruturas e fornecimento de energia elétrica sustentável.

Deixar um Comentário