
Entender o amor na sua complexidade e génese talvez seja uma das tarefas mais desafiantes e interessantes que possamos ter na história do Homem
As suposições são muitas e até a medicina dá a sua contribuição ao estudar as alterações químicas no nosso organismo, bem como a interpretação de imagens captadas pela “ressonância magnética funcional”.
Estamos certos que há muitos mecanismos envolvidos no ato de amar, no entanto serão todos insuficientes para entender a magia deste sentimento, entendido como um mistério pelos poetas, sentido nas músicas e na arte de quem ama.
Não adianta negar que quando existe amor, o nosso corpo reage. Destacam-se determinadas alterações no nosso cérebro que indicam que algo acontece quando estamos perante a pessoa amada.
O circuito do sistema de recompensa no nosso cérebro é ativado por diversos fenómenos que nos elucidam sobre as correlações físicas quando há um mensageiro químico ativado no nosso ponto de partida – “o coração”.
Numa pequena região situada alguns centímetros atrás dos nossos olhos está o chamado núcleo accumbens. Esta zona considera-se como o “centro do prazer” por ser responsável pelo controlo da libertação de dopamina, um neurotransmissor que aumenta com estados de paixão, recompensa ou vício. É ele que é ativado quando experienciamos emoções positivas.
“A natureza pensa em tudo”! Outra das expressões muitas vezes usada para explicar e dar sentido a alguns fenómenos naturais. O estado de paixão provoca um aumento de produção de ocitocina. Apesar de tradicionalmente conhecida como a hormona da amamentação e gravidez surge também como um reforço do amor, no contributo que fornece à própria vinculação nas relações e criação de laços.
Quando nos apaixonamos ocorrem também estímulos no nosso eixo hipotálamo-hipofisário-adrenal, com a emissão de sinais para a produção de adrenalina, que mais tarde são diminuídos e dão lugar a uma sensação de tranquilidade. Tudo parece encaixar, sem que os momentos e sentimentos se sobreponham ou se atrapalhem.
São claras as alterações químicas, mas é também ao nível funcional que se observa o impacto deste sentimento. O cérebro apaixonado interessa-se em “desligar” a racionalidade quando se trata de lidar com a pessoa amada, aumentando a atividade no circuito de recompensa, onde a presença e fluxo de maiores níveis de oxigénio se comprovam através do registo em imagens de RM. Assiste-se à inibição da predominância da atividade no córtex pré-frontal.
Muito se explicaria à luz da sabedoria popular de quem acredita que o “amor é cego.” A ciência dá-nos muitas pistas sobre os mecanismos funcionais e químicos envolvidos na loucura do Amor, mas esta só pode realmente ser entendida, quando se está verdadeiramente apaixonado!
Deixar um Comentário

Vale a pena estar apaixonado! E depois, quando o amor já não é a TAL paixão? Que mecanismos fisiológicos ocorrem?
ReplyGostei do tema.
Boa tarde Gabriela,
Os estados de paixão promovem alterações que “despertam” diversos mecanismos. Na realidade, de acordo com os estudos encontrados, há sempre manifestações quando nos deparamos com quem amamos, seja numa maior ou menor intensidade.
ReplyNão deixa de ser um tema bastante interessante a ser aprofundado.
Muito obrigado.