É a intensidade, o tempo de exposição e a localização do disparo que vai ditar o sucesso da aplicação do laser em oftalmologia. O tratamento da retinopatia diabética, descolamento de retina, glaucoma ou da doença de Coats, têm ganhos significativos com o recurso aos disparos de laser, mas é impossível desfazer o que foi feito.


O uso do laser nas intervenções em oftalmologia vai muito para além da cirurgia refrativa. O laser ajuda a desobstruir e a fechar caminhos, tornando a atuação do cirurgião cada vez menos invasiva. Contudo, há sempre um outro lado da mesma moeda e a intervenção deve ter sempre em conta a localização exata do local de atuação, mas também a intensidade e o tempo de exposição.

O laser não é todo igual, há diferentes comprimentos de onda, para diferentes aplicações, mas sempre que há uma atuação a laser, existirá sempre um efeito que deixa marcas, impossíveis de desfazer. É isto que acontece na cirurgia refrativa, quando se pretende corrigir um erro refrativo, mas é também isto mesmo que acontece quando se trata uma retinopatia diabética com laser. Os disparos de laser não podem ser um acaso.

É a intensidade do laser e o controle do disparo que vai distinguir um tratamento de uma eventual lesão. Com o mau uso das canetas laser ou ponteiros, o risco que se corre, é esse mesmo. Além da intensidade, é o tempo de exposição a que sujeitamos a retina a este tipo de laser que pode provocar ou não uma lesão irreversível. Na dúvida, nunca olhe diretamente para um ponteiro laser (o mesmo não significa olhar para a sua projeção numa tela ou parede).

Passa-se o mesmo quando olhamos para o sol, ou para um eclipse do sol. Todos nós conseguimos olhar durante breves momentos para o sol, mas a duração do olhar deve ser muito breve, caso contrário, o olho reage de imediato. Num eclipse do sol, o perigo aumenta, porque a intensidade parece estar disfarçada, quando na realidade não está. O olho humano não sabe o que é um eclipse do sol, não reage, mas os efeitos acabam por ficar escritos na retina, com queimaduras e lesões irreversíveis.

Em oftalmologia, os disparos devem ter uma missão específica e, na retinopatia diabética, por exemplo, são usados para intervir em áreas de isquemia, podendo ainda ser aplicado diretamente nos neovasos que crescem desordenadamente. O laser irá destruir esses vasos excessivos e mal formados, o que acaba por estimular a zona central da retina. Numa situação de descolamento de retina, o mesmo raio laser pode ser usado para unir tecidos, criando focos de cicatrização numa localização específica, ajudando a proporcionar a união que é necessária e urgente. O laser poderá ainda ser usado no tratamento da doença de Coat´s e, mais uma vez, com o objetivo de provocar uma destruição controlada, criando uma barreira na retina, que acaba por evitar que a doença progrida e afete a visão da criança ou jovem.

O laser também pode ser usado para abrir caminhos e é esse o objetivo do oftalmologista quando recomenda uma iridectomia. Este será um tratamento a que podem ser sujeitos alguns casos de glaucoma e destina-se a que uma determinada área abra, proporcionando melhor drenagem e um fácil escoamento do humor aquoso, facilitando o controlo da pressão ocular.

Na cirurgia refrativa (correção de miopia, hipermetropia e/ou astigmatismo) o laser é usado para alterar a curvatura da córnea. O impacto do feixe de laser na córnea vai fazer uma evaporação de células e é através desta ablação controlada, calculada por computador e personalizada, que são corrigidos os diferentes erros refrativos.

A par do tratamento e em oftalmologia, o laser também é amplamente usado em quase todos os equipamentos de diagnóstico. Diferentes tipos de laser permitem visualizar diferentes estruturas da retina. Acoplados a sistemas de varrimento e de detetores de sinais, os dados recolhidos são posteriormente analisados por um computador. Neste caso, a intensidade do laser e o tempo de exposição é muito baixo, razão porque não provocam danos, mas permitem a recolha de imagens e/ou dados importantes e necessários ao suporte do melhor diagnóstico.

 

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