Doze de Maio, um dia dedicado a todos os enfermeiros, escolhido por assinalar o aniversário de Florence Nightingale, a “Dama da Lâmpada”.

Reconhecida como fundadora da Enfermagem Moderna, apesar de esta profissão nos meados do séc. XIX não ser reconhecida como uma carreira digna, foi com 17 anos que sentiu a sua vocação.

Florence diria que “A enfermagem é uma arte e como arte requer uma devoção tão exclusiva, um preparo tão rigoroso, como a obra de qualquer pintor ou escultor”.

Em 1850, tinha 30 anos e o seu trabalho começou a ser reconhecido pelo governo da rainha Vitória. É então que é chamada pelo ministro de guerra britânico para organizar a introdução de mulheres enfermeiras nos hospitais militares.

Florence chega ao Barrack Hospital em Scutari a 4 de novembro de 1854: leva consigo 38 enfermeiras e alguns receios.

No início os médicos criaram alguma resistência à participação destas mulheres, mas com o aumento do número de feridos, provindos da Guerra da Crimeia, as necessidades exigiram a sua participação: nas operações de urgência, nos tratamentos e nas tarefas de apoio psicológico aos soldados.

Mas a sua atuação não se restringiu apenas aos atos curativos, estendendo-se também aos cuidados de higiene, preparação de alimentos, arranjo de roupas e cuidados de saneamento, porque a maioria dos feridos morria não por causa dos ferimentos, mas pelas infeções motivadas por falta de condições sanitárias.

Florence preocupava-se com todas as condições ambientais que influenciavam a saúde.

Foi considerada a primeira Enfermeira de Saúde Pública, pois a eficácia das suas medidas traduziu-se na redução evidente da taxa de mortalidade do exército britânico, de 42,7% para 2,2%.

Com isto, passou a usufruir de uma biblioteca, uma lavandaria, um sistema bancário que ajudava a guardar as poupanças e um pequeno hospital para apoio às famílias que acompanhavam os soldados.

O seu pensamento crítico e estruturado mostrou que para salvar vidas havia necessidade de analisar dados estatísticos, pois para ela, os dados não eram impessoais e abstratos, porque mostravam e ajudavam-na a mostrar aos outros, como salvar vidas.

Florence continuava a impor mudanças. Mandou aplicar divisórias entre as camas para preservar o estado de cada doente (estados na sua maioria agonia). Com a sua equipa organizava o envio de dinheiro dos feridos para as famílias, ajudava a escrever as cartas que eles queriam e de lhas ler como consolação. Do romantismo da lenda fará parte a imagem de mulheres de lamparina na mão (instrumento usado na altura para iluminação dos feridos durantes os cuidados noturnos).

Em junho de 1860,  criou uma escola de enfermagem para mulheres no Saint Thomas Hospital, que serviu de exemplo a muitas outras que começaram a espalhar-se pelo mundo, sendo hoje reconhecida a sua influência em muitos países.

O trabalho de Florence teve implicações e mudanças muito significativas na área da enfermagem, reconhecido em 1880 pela Rainha Vitória com a entrega da Royal Red Cross e em 1907 é também reconhecido o seu trabalho ao ser a primeira mulher a deter a Ordem de Mérito.

A continuidade deste trabalho é assinalada todos os anos neste dia, em que se reforça o papel fundamental do enfermeiro na prestação de cuidados, no cuidar de forma digna, no acreditar e valorizar, no diagnosticar, planear e intervir.

Uma profissão e ciência essencial na área da saúde, que assume um lugar primordial no dia-a-dia, ao promover hábitos de vida saudáveis, no prestar cuidados de saúde com qualidade e contribuir positivamente com a sua presença e assumir-se como agente de mudança no seio da sua família, amigos, colegas de trabalho e comunidades locais.

É nos princípios de Florence que no Centro Cirúrgico nos revemos diariamente, garantido a segurança de todos os que a nós acorrem.

Deixar um Comentário