A luta ainda não tem vencidos nem vencedores, mas o simples facto de alguém querer justificar a necessidade de um combate mortal já me deixa irrequieto.

As histórias que chegam desassossegam e eu nunca gostei de ser um mero espectador. Corre-se o risco de morrer por inanição.

Quem está deste lado também vive estas guerras que perturbam, não só porque a paz fica frágil, mas também porque – mesmo longe – é possível ver a cor do sangue, sentir o cheiro da morte, ouvir a revolta, a incompreensão, o sofrimento e a dor. Há fotografias e imagens que nos trazem essa verdade que existe, que está mesmo a acontecer e que não pertence a um enredo de um filme de ficção, mas que irá ilustrar o livro da História dos Homens.

E que história queremos contar amanhã, no próximo ano ou no próximo século? Que no Natal de 2023 o mundo assistia a várias guerras pela televisão? Que lá longe se mediam forças? Que os inocentes tombavam em lugares remotos. Que uns assistiam, enquanto outros morriam?

Se “todos os conflitos são baseados no engano” (Sun Tzu, A arte da guerra) porque não se empenham em desfazer esses enganos?

É uma história triste demais. Como me poderei sentar à mesa da Consoada e fingir que estas guerras não existem? Ou esquecer que estas famílias ficaram com espaços vazios à mesa… (se é que têm mesa)!

Para mim, este será um Natal desassossegado. Ficarei à espera que uma Luz nos salve. 

Construam o vosso Natal! 

António Travassos

(Médico Oftalmologista)

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