A luta ainda não tem vencidos nem vencedores, mas o simples facto de alguém querer justificar a necessidade de um combate mortal já me deixa irrequieto.
As histórias que chegam desassossegam e eu nunca gostei de ser um mero espectador. Corre-se o risco de morrer por inanição.
Quem está deste lado também vive estas guerras que perturbam, não só porque a paz fica frágil, mas também porque – mesmo longe – é possível ver a cor do sangue, sentir o cheiro da morte, ouvir a revolta, a incompreensão, o sofrimento e a dor. Há fotografias e imagens que nos trazem essa verdade que existe, que está mesmo a acontecer e que não pertence a um enredo de um filme de ficção, mas que irá ilustrar o livro da História dos Homens.
E que história queremos contar amanhã, no próximo ano ou no próximo século? Que no Natal de 2023 o mundo assistia a várias guerras pela televisão? Que lá longe se mediam forças? Que os inocentes tombavam em lugares remotos. Que uns assistiam, enquanto outros morriam?
Se “todos os conflitos são baseados no engano” (Sun Tzu, A arte da guerra) porque não se empenham em desfazer esses enganos?
É uma história triste demais. Como me poderei sentar à mesa da Consoada e fingir que estas guerras não existem? Ou esquecer que estas famílias ficaram com espaços vazios à mesa… (se é que têm mesa)!
Para mim, este será um Natal desassossegado. Ficarei à espera que uma Luz nos salve.
Construam o vosso Natal!
(Médico Oftalmologista)
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O artigo do Dr. António Travassos espelha a realidade actual do mundo. E como será o Natal de 2024? Temo que, com todos os fundamentalismos instalados, seja uma repetição deste, se não houver HOMENS com a "visão" natural e intelectual. A visão natural, o Dr. António Travassos ainda consegue curar, mas a visão intelectual…. é muito complicado!
ReplyEstimado Dr. Travassos: En estos tiempos que relata magistralmente y de un modo reflexivo, todos estamos tristes y extrañados de que ocurran estas guerras sin sentido.
ReplyTambien en nuestras casas tenemos nuestra propia trajedia, cuando falta uno de nuestros pilares fundamentales.
Pediremos con fe que lo que tenga solución no se demore, y lo irresoluble nos consuele con la esperanza de volver a vernos.
Reciba un cordial saludo, con el aprecio y gratitud de siempre.
Conchita Santana
Dr. António Travassos, boa tarde.
ReplyÉ sempre com muito agrado que leio, as suas palavras. Mais uma vez ilustrou a realidade da vida, que temos e estamos a passar. Deus o continue a iluminar, na sua vida e na sua tão nobre especialidade como oftalmologista.
Desejo-lhe, a si, á sua família, bem como a toda a sua equipa da clínica, um Feliz Natal e que o Novo Ano vos traga tudo de bom, com muita saúde.
Um bem haja por tudo.
Casimiro Silva
Um texto lúcido, inconformado, contagiante, do Dr. António Travassos. Lê o trágico quotidiano do mundo e, no seu amplexo humanista, desadormece consciências anestesiadas pelas demissões e indiferenças. Por isso o integro nos pensamentos que, sem cálculo ou tibieza, ais amigos dirijo nesta sequência de Festas.
ReplyJosé Manuel Mendes
Excelente texto!
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