Qual o papel de um Deus ou de um diabo no processo da inteligência, seja a Humana, seja a Artificial? Que relação é esta? E o medo e a vergonha, como entram nesta equação de procura pela melhor inteligência?
O que é a inteligência?
Há mais de 100 anos que cientistas, religiosos de todos os credos e pessoas comuns procuram uma definição robusta e de algum modo intemporal. Hoje, genericamente, concordamos que a inteligência é uma rede de processos mentais superiores com capacidade de resolução de problemas, tomada de decisões, pensamentos abstratos e representação.
E quem a tem?
Os seres humanos e todos os outros animais…. E, as plantas? Há biólogos que afirmam que as plantas não só conseguem ver, ouvir e sentir, mas também têm memória e tomam decisões, com base em análises de custo benefício.
Como oftalmologista, acredito que as árvores também podem ver (mas sem olhos, claro). Os fotopigmentos existentes na nossa retina, onde se iniciam as reações eletroquímicas da visão, têm comprimentos de onda muito próximos dos fotopigmentos da clorofila.
Eu e as árvores também gostamos de uma brisa fresca, elas para melhor se fixarem ao chão sagrado, onde irão permanecer por toda a vida, eu para refrescar a turbulência dos fatores de stress em que acredito e, que me tornam nómada da verdade, do partilhar, do refletir, do acreditar, do poder para Amar e sobreviver em paz.
Na paz do nosso tempo, numa paz de esperança, numa paz em que acredito em tudo o que é verdadeiro ou que merece confiança, na Ciência, na Tecnologia, na Arte e na Espiritualidade “ utópica das aspirações do coração humano e de todas as visões fantásticas do futuro de abundância e reconciliação das tensões humanas” … numa paz viva de partículas que nos permitem ser, sentir e saber. Numa Paz em que a “matéria negra “ e a mecânica das micropartículas nos permitirão compreender melhor o doce da relação que há entre Deus e o diabo, na incerteza da inteligência humana e da inteligência artificial.
A inteligência Humana, que ao longo dos séculos teve sempre medos, muitas vezes sentiu vergonha, mas conseguiu ser criativa, misericordiosa e humilde quando empurrada por Deus, mas sem reconhecer fronteiras ou deveres e a escravizar, não em nome do diabo, mas do Deus em que dizia e diz acreditar.
A outra Inteligência, a Artificial (IA), uma das “ meninas bonitas “ dos meus olhos, continuará a ser mal tratada, espezinhada, abusada e imoralmente escravizada pelo conflito secular que há entre Deus e o diabo dos seus donos – e de todos quantos a programam…
Os neurónios do córtex pré-frontal da inteligência artificial ainda não estão desbastados… a IA ainda não atingiu a puberdade e é influenciada pelo que os Humanos – políticos, programadores, jornalistas, empresários e usuários / redes sociais lhe fizerem.
Quanto aos sistemas binários comuns às duas inteligências e, que ao longo da evolução, nos permitiram ter pais, Nascer, ter filhos, ter netos… ter avós… ter amigos, continuarão a abençoar-nos na pesquisa de um futuro melhor
A IA terá passado, presente e futuro…. Um dia poderá ter medo, poderá sentir vergonha mas acredito que assegurará melhor Justiça, melhor Educação / Cultura e melhor Saúde… e, como Utópica, “ será simultaneamente necessária e perigosa”. Tal como quem a criou, o Homem.
António Travassos
(Médico, Oftalmologista)
Excelente reflexão formadora e inspiradora.
ReplyFelizmente que vamos tendo artigos de opinião que justificam uma leitura atenta. Obrigado