Dormir mal é um problema complexo que nos pode afetar em qualquer fase da vida. Os bebés não escapam e precisam de estratégias, as crianças precisam de aprender a lidar com desafios, os adolescentes têm atraso na produção de uma hormona e os adultos não conseguem “desligar o botão”. Não existe uma pílula mágica para nenhum dos casos, existem profissionais especializados em Medicina do Sono

O sono é essencial para a nossa sobrevivência e bom funcionamento geral. Não é uma opção, é uma necessidade.

No bebé as doenças orgânicas, quer crónicas, quer agudas, podem perturbar o sono normal e causar insónia, como as doenças respiratórias, febre, otite, início da dentição, alergia ao leite ou refluxo gastro esofágico. Porém, a insónia é mais frequentemente causada por alterações ambientais, comportamentais ou por fatores psicológicos. Medo e ansiedade são causas frequentes.

Na idade pré-escolar pode surgir uma variedade do sono, como dificuldade em adormecer, um sono insuficiente ou excessivo, um sono com horários inadequados, a falta de sesta ou uma sesta muito prolongada. Uma criança insegura pode não conseguir lidar com os desafios que acontecem à noite: separação, escuro e fantasia. Todavia, a insónia mais comum é a dificuldade em adormecer ou manter o sono, por ausência de determinadas condições, como contacto físico com os pais, alimentação, embalar, etc.

Na idade escolar dormir mal pode estar relacionado com preocupações da criança sobre o desempenho escolar, relações com os pares ou ser uma questão secundária a perturbações de ansiedade ou mesmo depressivas. Dormir mal na infância pode causar problemas de atenção, impulsividade, mudanças rápidas de humor e insucesso escolar.

Convém, a priori, saber que durante a adolescência ocorre uma alteração no ritmo sono-vigília. O sono surge, efetivamente, mais tarde, porque há um atraso na produção da hormona indutora do sono (melatonina). Esta alteração conduz, por si só, a uma tendência para dormir pouco durante a semana, já que os horários escolares assim o obrigam. A falta de uma duração do sono adequada às necessidades de dormir, durante os dias de descola, é responsável pela tal sonolência diurna, mais ou menos acentuada, mas que prejudica o comportamento escolar. Além disso, as mudanças sociais e emocionais deste período do desenvolvimento também têm impacto no sono.

A insónia do adulto pode ocorrer associada a doenças médicas, a distúrbios mentais, ao uso de fármacos mas também se pode manifestar de forma isolada. A hiperativação mental constitui uma das principais causas deste tipo de insónia.

O perfecionismo, a insegurança, o modo da avaliação e a excitação são ingredientes poderosos no processo de hiperativação do sistema nervoso, o que causa e mantém a insónia crónica.

Os efeitos da insónia no adulto são inúmeros e interferem com todo o bem-estar físico e psicológico.

É fundamental avaliar os aspetos psicológicos nas perturbações do sono, nomeadamente, da insónia. Uma ajuda realmente efetiva e duradoura não vem numa pílula mágica. Vem do conhecimento do que mantém a pessoa sem dormir e da aplicação dos métodos e técnicas certas em cada caso único.

Vanda Clemente (psicóloga clínica)

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