A fisioterapia disponibiliza inúmeras estratégias individuais para que possa enfrentar as alterações fisiológicas associadas ao processo de envelhecimento. O treino de equilíbrio e marcha, o fortalecimento muscular e propriocepção, bem como educação sobre adaptações do ambiente, promovem o papel do fisioterapeuta na sua segurança
Quedas e lesões associadas representam um importante problema de saúde pública em todo o mundo, sendo consideradas a principal causa de morte acidental na população com 65 ou mais anos. Em Portugal, estudos revelam que cerca de 30 a 35% dos adultos mais velhos – que residem na comunidade – caem pelo menos uma vez por ano.
Embora os estudos sobre quedas estejam principalmente associados a esta faixa etária, pessoas com 50 anos ou mais, frequentemente subestimam o seu risco de sofrer uma queda, desvalorizando as alterações neurais que chegam nessa fase da vida e que podem levar a perdas de equilíbrio, força e mobilidade. As consequências, além das fraturas e hospitalizações, incluem perda de confiança e medo de cair, e uma redução significativa de autonomia funcional.
Além das alterações dos sistemas músculo-esquelético e sensorial, associadas ao envelhecimento, outros fatores podem influenciar este risco de queda, como a polimedicação, problemas de visão, pressão arterial alta, sedentarismo, riscos ambientais em casa ou o próprio medo de cair. Pessoas com história de queda nos últimos 12 meses têm maior probabilidade de voltar a cair.
No entanto, há evidências sólidas de que estas quedas podem ser prevenidas. Uma triagem adequada dos fatores de risco, aliada à prescrição de intervenções personalizadas por um fisioterapeuta, constitui uma abordagem eficaz. O primeiro passo envolve a análise do histórico clínico e uma avaliação física detalhada do indivíduo. Existem testes simples e de fácil aplicação que avaliam equilíbrio, marcha, força muscular e flexibilidade. Essas ferramentas permitem ao fisioterapeuta construir um raciocínio adequado, fornecer conselhos ou justificar a progressão de um plano de exercícios.
A fisioterapia pode disponibilizar as melhores estratégias para enfrentar as alterações fisiológicas associadas ao processo de envelhecimento, revelando-se assim uma aliada fundamental quando se fala em prevenção. É possível promover maior independência funcional e reduzir o medo de cair, o que acaba por melhorar a funcionalidade e a qualidade de vida, proporcionado simultaneamente um ganho de confiança para a realização das atividades do dia-a-dia, bem como participar socialmente em inúmeras atividades, mas em segurança.
As estratégias utilizadas na fisioterapia incluem o treino de equilíbrio e marcha, o fortalecimento muscular e propriocepção, bem como educação sobre adaptações ao ambiente e gestão de doenças crónicas associadas. Além disso, a fisioterapia atua de forma multidisciplinar, abordando não só os aspetos fisiológicos, mas também os aspetos psicossociais associados.
Programas de exercício físico individualizados e adaptados às necessidades da pessoa, particularmente se associados a uma intervenção multidisciplinar, associam-se a um mais baixo risco de queda com lesão, quando comparados com outras intervenções comuns. A educação é essencial, não só ao próprio indivíduo, como também aos seus cuidadores e família, pois além de favorecer a adesão ao tratamento, reforça comportamentos mais seguros.
O fisioterapeuta também pode dar orientações sobre as medidas de segurança a implementar em casa: remoção de tapetes, instalação de barras de apoio e a adequação da iluminação dos espaços. Esta abordagem não deve começar apenas após uma queda, a prevenção destes episódios, além de promover o envelhecimento de forma saudável, reduz riscos e mantém a autonomia.
Programas comunitários de prevenção de quedas são iniciativas valiosas que, além de incentivarem um estilo de vida saudável e ativo, proporcionam o envolvimento social que influencia positivamente na autoestima e motivação. Pessoas que participam regularmente nestes programas apresentam menor incidência de quedas, beneficiando de um ambiente seguro, supervisionado por profissionais qualificados, o que contribui para uma maior adesão e eficácia das intervenções.
Na área da fisioterapia, a prevenção de quedas tem-se destacado como uma área de crescente importância, que tem em conta o envelhecimento populacional e as consequências que estão associadas a quedas nesta faixa etária. O fisioterapeuta assume, assim, um papel fundamental que contribui significativamente para a promoção de segurança, qualidade de vida e funcionalidade.
O envelhecimento não tem de ser sinónimo de fragilidade. A prevenção começa com informação e ação e a fisioterapia é uma ferramenta essencial para envelhecer com qualidade.
Magda Reis
(Fisioterapeuta)
																				

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