Não invasivo e relevante. O estudo da doença coronária passa pela realização de uma Angio-TAC Cardíaca, que deteta e carateriza a gravidade da lesão e estratifica o risco cardiovascular de cada um

As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte e incapacidade em Portugal. Em cerca de metade dos casos, a primeira manifestação da doença coronária é o enfarte agudo do miocárdio ou a morte súbita, o que torna a situação especialmente temível e é por isso que temos de investir na prevenção!

Na maioria dos casos, a doença coronária tem uma evolução lenta, permitindo que a sua história natural seja modificada. Além do rastreio e tratamento dos fatores de risco cardiovasculares convencionais, como a hipertensão arterial, dislipidemia ou diabetes, é importante que seja feito o diagnóstico da doença coronária da forma mais adequada possível. A tradicional Prova de Esforço, o exame mais antigo realizado com este intuito, tem sido abandonada progressivamente no contexto do diagnóstico de doença coronária, pelo excesso de resultados “falsos positivos” e “falsos negativos” que condiciona.

A Angio-TAC Cardíaca é o exame de diagnóstico mais importante no estudo da doença coronária e a sua utilização tem crescido nos últimos anos com os importantes avanços na sua tecnologia. A prova da sua relevância crescente na saúde da população é que – desde o final de Outubro de 2024 – passou a ser possível a prescrição deste exame nos Cuidados de Saúde Primários, pelo SNS.

O diagnóstico definitivo da doença coronária é feito através do cateterismo, que é um exame invasivo. Com a Angio-TAC Cardíaca, faz-se uma avaliação não-invasiva das artérias coronárias, permitindo detetar e caracterizar a extensão e gravidade de placas/estenoses coronárias. Se não forem detetadas estenoses coronárias graves, evita-se a realização de exames mais invasivos.

Outro aspeto extremamente útil do exame é a quantificação da carga aterosclerótica coronária (score de cálcio), conseguindo fazer-se uma adequada estratificação do risco cardiovascular de cada um, o que permite personalizar a medicação preventiva de acordo com o risco específico de cada pessoa. Por exemplo, se uma pessoa tiver um “score de cálcio de zero” tem um risco muito baixo de enfarte do miocárdio a médio prazo, o que poderá permitir não iniciar alguma medicação (por exemplo, as estatinas para o colesterol) em alguns casos.

Por outro lado, a Angio-TAC Cardíaca é também o exame de eleição para fazer o planeamento de procedimentos da cardiologia de intervenção, como a implantação de próteses aórticas percutâneas (TAVI) ou para a ablação da fibrilhação auricular.

Para a realização da Angio-TAC realiza-se uma injeção de uma pequena dose de contraste numa veia do braço, permitindo “navegar” pelas artérias coronárias de forma não-invasiva. Se não for possível a administração de contraste (por exemplo, no caso de alergia conhecida) ou se não for considerado clinicamente necessário, é possível na mesma realizar o score de cálcio para avaliação do risco cardiovascular.

No Centro Cirúrgico de Coimbra, a Angio-TAC Cardíaca é sempre realizada com a colaboração de dois médicos especialistas da área (Radiologia e Cardiologia), o que aumenta a qualidade do diagnóstico deste exame.

Luís Leite
(Médico, Cardiologista)

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