Ter uma má digestão esporádica é algo que pode acontecer a cada um de nós. O problema precisa de ser investigado quando a indigestão começa a ser a norma e não a exceção. A colonoscopia digestiva alta ajuda a desvendar mistérios
Mastigar com a boca aberta e engolir rapidamente os alimentos são dois exemplos de maus hábitos que favorecem a dispepsia, má digestão ou indigestão. (As três descrições são sinónimos). Podemos acrescentar outros, como o álcool em excesso, fumar, alimentos ricos em gordura, alguns medicamentos, o stress e a ansiedade.
Ter uma má digestão esporádica é algo que pode acontecer a cada um de nós, até porque o processo também é influenciado pela escolha de alimentos que ingerimos. As gorduras saturadas, os pickles e os picantes são exemplos de alguns alimentos que provocam a chamada indigestão. Mas, a má digestão também pode ser um sintoma de doença, a úlcera péptica é um exemplo, tal como a gastrite ou o refluxo gástrico, ou até mesmo a infeção por Helicobacter pylori (ver caixilho). O diagnóstico será sempre clínico, mas alguns exames como a endoscopia digestiva são um precioso auxiliar para dissipar dúvidas, quando as há.
A dispepsia acaba por afetar uma grande fatia da população, principalmente no mundo ocidental, seja pelo estilo de vida, e já aqui dissemos que a ansiedade e o stress também afetam a digestão; seja pelo tipo de alimentação, em que as gorduras saturadas são o melhor exemplo do que deve ser evitado, por todas as razões (não só digestivas).
Os sintomas que caraterizam a dispepsia são quase todos muito idênticos e incluem inchaço, azia, desconforto, náuseas, dor abdominal, saciedade precoce ou sensação de enfartamento e as causas podem estar num problema orgânico, mas também se pode concluir que o motivo reside apenas num problema de funcionamento, quando não se detetam lesões estruturais.
A endoscopia digestiva alta é o exame de diagnóstico de eleição para pesquisar os motivos da indigestão, uma vez que permite observar as paredes dos vários órgãos como o esófago e o estômago, além de parte do intestino. Até porque, durante uma digestão são vários os passos necessários. O primeiro e, eventualmente, o mais importante começa com a mastigação, quando se transformam os alimentos em bolo alimentar. Segue-se o processamento enzimático e químico e só depois é que o organismo começa a absorver os nutrientes. A última fase de todo este processo dá-se com a fermentação.
É todo este percurso que explica o tempo que uma digestão pode demorar e que não é igual para todos. Podemos partir do princípio que logo depois de um almoço, os alimentos irão demorar cerca de 6 horas para passarem do estômago para o intestino delgado e só depois é que transitam para o intestino grosso.
Há uma bactéria que gosta de se alojar no estômago
Helicobacter pylori é esta a sua designação. Gosta de temperaturas entre os 30 e os 37 graus, tem a forma de um bastonete curvo e gosta de se hospedar no estômago humano. Coloniza a mucosa gástrica e passa de hospedeiro em hospedeiro de forma muito fácil.
Nem todos os infetados desenvolvem a doença, mas a infeção por H. pylori será a infeção crónica humana mais prevalente no mundo e pode ser responsável pela gastrite, úlcera péptica e alguns tipos de cancro do estômago. Os sintomas incluem a sensação de desconforto no abdómen, dor e dificuldade na digestão, tudo muito idêntico ao que sente uma pessoa que tenha apenas uma gastrite.
Será necessário que os exames de diagnóstico confirmem a presença ou não desta bactéria, uma vez que os sintomas (quando existem) são idênticos a outras patologias. A endoscopia digestiva alta é o exame de eleição para obter esclarecimentos, até porque permite pesquisar a presença ou não de H. pylori, através de uma biópsia. Em caso afirmativo, os antibióticos e um inibidor da bomba de protões são a terapêutica recomendada e, porque este tipo de infeção tende a concentrar-se na família ou entre pessoas que partilhem a mesma habitação, deverá ser necessária avaliar outras pessoas.

Deixar um Comentário