A forma como as estruturas faciais se organizam podem afetar o equilíbrio desejado entre maxilar, mandíbula, dentes e outros. O caso da apneia obstrutiva do sono pode ser uma consequência, comprometendo o normal funcionamento das vias aéreas

As dismorfias dentofaciais são variações ou anormalidades na forma como as estruturas faciais, incluindo maxilar superior, mandíbula, dentes e outros ossos faciais, se desenvolvem. Essas irregularidades podem resultar em diferenças no alinhamento, tamanho e formato dessas estruturas. Alguns exemplos de dismorfias dentofaciais incluem mandíbula subdesenvolvida, dentes desalinhados, sobremordida ou mordida aberta e espaço das vias aéreas superiores menor que o normal na garganta.

A apneia obstrutiva do sono é um distúrbio do sono caracterizado pelo bloqueio repetitivo parcial ou completo das vias aéreas superiores durante o sono. Esse bloqueio leva a interrupções na respiração, fazendo com que a pessoa acorde brevemente do sono para reabrir as vias aéreas. Esses despertares podem acontecer muitas vezes durante a noite, interrompendo o ciclo do sono, levando à sonolência diurna, fadiga e outros problemas graves de saúde como hipertensão e problemas cardiovasculares.

A ligação entre dismorfias dentofaciais e apneia obstrutiva do sono reside nas alterações estruturais causadas por essas dismorfias. Quando os ossos faciais e as estruturas dentárias não se desenvolvem adequadamente, podem contribuir para um estreitamento das vias aéreas superiores. Essa via aérea mais estreita facilita o colapso dos tecidos moles da garganta, como a língua e os tecidos do palato, durante o sono. Como resultado, as vias aéreas ficam bloqueadas ou restritas, levando à redução ou cessação do fluxo de ar, desencadeando um evento de apneia.

Além disso, estas anomalias estruturais também podem afetar o posicionamento da mandíbula e da língua, potencialmente fazendo com que caiam para trás durante o sono, o que contribui ainda mais para a obstrução das vias aéreas. A combinação de vias aéreas estreitas e posicionamento inadequado dos tecidos moles constituem a junção perfeita para a apneia obstrutiva do sono.

Em alguns casos, a terapia com pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP) ou aparelhos orais podem ser recomendados para ajudar a manter as vias aéreas abertas durante o sono. 

O tratamento da apneia obstrutiva do sono causada por dismorfias dentofaciais geralmente envolve uma abordagem multidisciplinar com Ortodontia e Cirurgia Maxilo-Facial para corrigir os problemas dentofaciais subjacentes e melhorar a anatomia das vias aéreas. 

Em resumo, as dismorfias dentofaciais podem impactar a estrutura das vias aéreas, aumentando a suscetibilidade à apneia obstrutiva do sono, pelo comprometimento do fluxo de ar causado pelo estreitamento ou obstrução das vias aéreas superiores.

Sandra Ferreira
(Médica, especialista em Cirurgia Maxilo-Facial)

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