O cérebro também precisa de ginástica

A Neuróbica defende que é possível estimular a produção de neurónios. Como? Desafiando a rotina

Os comportamentos constroem-se ao longo de toda uma vida, de acordo com as informações que um neurónio está habituado a receber, reagindo de modo específico a um determinado estímulo.

A mudança não está apenas na atividade de um neurónio, mas sim em centenas de milhares, tantos quantos estão envolvidos num simples raciocínio. As experiências que vamos acumulando irão abrir novas áreas, novos prolongamentos, novos contatos e novos neurónios. Para descobrir como estimular este tipo de produção, nasceu uma nova ciência, a Neuróbica.

A antiga máxima de que o cérebro também envelhece e que nada resta fazer, senão esperar pela morte dos neurónios, é agora contrariada por esta nova ciência.

Uma revolução no pensamento da cultura ocidental, por comparação com o conceito de “velho” na cultura oriental. A Neuróbica assume que, apesar de envelhecer, o cérebro mantém a capacidade de crescer e de mudar o padrão das conexões. O funcionamento do cérebro poderia ser idêntico ao de um qualquer músculo do nosso corpo e, se o treinarmos, estará mais protegido. Se não o usamos ele “envelhece” rapidamente e deixará de ser criativo. Esta certeza é válida para indivíduos com 20 ou com 60 anos.

Definitivamente, o cérebro também precisa de ginástica. Ler ajuda, mas sugerem-se outras atividades desafiadoras. Mudar a rotina ajudará a utilizar circuitos nunca ou pouco ativados, culminando com um aumento da flexibilidade do cérebro.

O nosso dia-a-dia é preenchido por atividades de rotina, têm a vantagem de reduzirem o esforço intelectual, mas têm o outro efeito de limitarem o cérebro.

Mudar o relógio para o braço direito, usar o rato do computador com o braço esquerdo, andar pela casa de frente para trás, comer coisas diferentes, ou ver fotografias de pernas para o ar, são algumas das alterações da rotina. Acrescentem-se outras, escovar os dentes com a mão esquerda, mudar o percurso para casa, jogar o que antes nunca tinha jogado, mudar de lugar tudo o que tem em cima da secretária, experimentar novos alimentos ou, simplesmente, cultivar um jardim ou um canteiro na varanda, podem ser alfaces, malmequeres, rosas, cebolas… Tudo ações que desencadeiam as reações emocionais que, por sua vez, estimulam a produção dos nutrientes que um cérebro ativo precisa, o mesmo pode acontecer no decorrer das interações sociais, porque desencadeiam emoções. Usar todos os sentidos de uma forma diferente da habitual, pode ser uma solução para manter saudáveis os arquivos da memória.