Viver bem por mais anos é a máxima da geriatria, um ramo da medicina vocacionado para desenvolver planos de cuidados personalizados. O caminho do envelhecimento deve ser percorrido de uma forma ativa e saudável
A esperança média de vida tem vindo a aumentar. Isto resultará de uma melhoria da qualidade de vida e de um melhor acesso aos cuidados de saúde, mas mais do que viver durante mais tempo, importa viver bem.
Os cuidados aos mais novos estão bem caracterizados e os pais esforçam-se por cumprir todos os calendários programados, sejam eles de consultas, vacinas ou rastreios. No outro extremo da vida encontramos as pessoas com mais idade e aí os cuidados de saúde também devem ser valorizados. Muda, no entanto, a perspetiva uma vez que, com o envelhecimento, é natural e expectável o declínio dos diferentes órgãos e sistemas. O objetivo é que o envelhecimento se faça de uma forma ativa e saudável.
A avaliação deve procurar caracterizar em que fase do envelhecimento se encontra e identificar problemas que possam ser aliviados, possibilitando uma oferta de cuidados mais completa e adequada e, consequentemente, promotora de uma melhor qualidade de vida.
A avaliação geriátrica permite aumentar a precisão do diagnóstico, tornar o prognóstico mais correto, diminuir o risco de iatrogenia (efeitos adversos ou complicações resultantes de um tratamento médico), através da adequação da prescrição mas, acima de tudo, tem como objetivo facilitar condutas preventivas, ajudar na escolha de estratégias terapêuticas e adequar as medidas assistenciais.
É imprescindível saber adequar as estratégias diagnósticas e terapêuticas à realidade da pessoa, o que se relaciona com seu estado cognitivo e funcional. Por vezes, mais do que complicadas marchas diagnósticas e terapêuticas complexas, acaba por ser mais importante perceber em que medida, por exemplo, a perda ainda discreta da funcionalidade está a diminuir a qualidade de vida do nosso doente e de que forma podemos ultrapassá-la. Mais do que prescrever, por vezes a simplificação ou adaptação da prescrição pode ter um impacto importante no dia-a-dia da pessoa idosa.
O isolamento, que pode resultar da perda de funcionalidade, deve ser combatido, estimulando e criando condições para que os doentes mais velhos se mantenham ativos e interajam com a comunidade. Neste contexto, o exercício físico, ainda que com as adaptações necessárias, tem um papel fundamental.
Concluindo, a avaliação geriátrica envolve uma apreciação do bem-estar físico, mental e funcional de um idoso. O objetivo é identificar possíveis problemas de saúde, desenvolver planos de cuidados personalizados e melhorar a qualidade de vida geral do indivíduo. Com base nos resultados desta avaliação é desenvolvido um plano de cuidados personalizado que atende às necessidades, condições e objetivos específicos da pessoa avaliada. O plano pode envolver uma combinação de tratamentos médicos, modificações no estilo de vida, serviços de reabilitação e apoio social para otimizar a qualidade de vida e a saúde geral.
Catarina Canha
(Médica, especialista em Medicina Interna)

Muito obrigado por mais estes ensinamentos.
ReplyMelhores cumprimentos
JCosta