
Há um mito na sabedoria popular que andou de geração em geração. Já quase todos ouviram dizer que comer cenoura faz os olhos bonitos e outros tantos tomaram “xarope de cenoura”, para alívio da tosse. Há mitos que fazem sentido
Para os olhos, a razão do mito popular reside na quantidade de carotenos que existem na cenoura e que acabam por ser transformados em vitamina A, um dos componentes dos pigmentos visuais responsáveis pela receção de luz na retina. Por isso, a completa ausência de vitamina A pode causar cegueira noturna. Admite-se ainda que as propriedades antioxidantes do betacaroteno podem ajudar a proteger o olho da degenerescência macular, tal como também se podem relacionar com um atraso no desenvolvimento da catarata senil.
Não faz os olhos mais bonitos, mas precisamos de comer cenoura, em dose q.b. Metade de uma cenoura média por dia será a dose diária recomendada, até porque a vitamina A também existe noutros alimentos de origem vegetal (abóbora, manga, alperce e outros hortofrutícolas de cor amarela ou laranja) e de origem animal (leite, ovos e fígado).
Como em tudo na vida, o que é demais também pode prejudicar e o excesso de betacaroteno pode acabar por dar uma cor amarelada à pele, provocar queda de cabelo, dores ósseas, articulares e de cabeça.
Contudo, não devemos resumir as capacidades da cenoura a um mero depósito de betacaroteno. Em 100 gr de cenoura, é verdade que existem 4,7 gramas de betacaroteno, mas também existem proteínas, vitamina K, muita vitamina C, potássio, cálcio, ferro, magnésio, fósforo, sódio, cloro e, claro, as vitaminas B2 e B3. Tudo junto num só alimento, que gregos e romanos usavam apenas como remédio.
Eles sabiam que a cenoura não deveria ser negligenciada e, hoje, multiplicam-se os estudos que atestam os efeitos benéficos da cenoura no fortalecimento do sistema imunitário, no controle do colesterol e anemia, no alívio das perturbações respiratórias e digestivas, crescimento, no fortalecimento de dentes e ainda nos efeitos que podem ter quando potencia a eficácia dos protetores solares.
Tudo características gerais da cenoura, de cor laranja, tal como a conhecemos hoje e que foi vulgarizada a partir do século XVI. Mas, nem sempre foi assim. Inicialmente, a cenoura era de cor roxa, branca ou preta. Aliás, nos mercados da Turquia, Índia e Síria, a cenoura ainda é roxa. O que a fez mudar de cor? Não há certezas, suspeita-se. A mudança de cor foi feita à custa de vários cruzamentos e admite-se que foi fácil ganhar popularidade. A tradicional cenoura, roxa ou preta, manchava tudo de negro (mãos e panelas), desbotando ainda mais quando era cozida ou simplesmente fervida.
Hoje, a genética tenta descobrir os efeitos desta mutação no ADN da cenoura. O que a cenoura perdeu e o que ganhou com a mudança de cor?
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