Andámos dois anos a falar de “guerra”, sem saber que uma outra nos esperava. Traçámos o plano de defesa e esperámos que viessem as munições para o combate, mas não sabíamos que, enquanto se fabricavam vacinas, novas armas se poliam para outras frentes de batalha.

Comandados pela ciência e pela razão, infligimos a distância que nos era recomendada. Tudo por uma boa causa. E agora assistimos ao irracional. Escondemos os sorrisos, porque a ameaça pairava no ar e só agora começamos a perceber que o ambiente já estava contaminado.

Tudo em nome da segurança e proteção… A COVID-19 pulverizou-nos durante dois anos, em 2020, 2021 e fazíamos planos para que o tempo a pudesse curar.

O ano de 2022 parecia ser libertador. A ameaça à humanidade parecia enfraquecer. Ironia. O vírus ainda mede forças e os homens também.

Ninguém aprendeu nada com as lições de março de 2020. Dois anos depois, assistimos a uma nova guerra e continuamos a pensar que não entra pela porta da nossa casa. As bombas explodem a mais de 4 mil quilómetros de distância. Mas, estão aqui mesmo, à entrada da Europa.

Em 2022 semearam-se novos combates e reapareceu um novo vírus. Chama-se terror e, mais uma vez, não existe vacina eficaz. A guerra está entranhada e o Mundo continua a ser um lugar inseguro.


António Travassos
(Médico, oftalmologista)

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