Equilibrar o organismo é o ponto de partida de qualquer atuação da Medicina Tradicional Chinesa. Na Infertilidade, é também isso que acontece. Os resultados de uma inseminação artificial ou de uma fertilização in vitro podem ser potenciados

Na atualidade, a infertilidade é cada vez mais um problema que acompanha casais que pretendem ter filhos. Na visão da Medicina Tradicional Chinesa (MTC) e também para a Medicina Convencional, a infertilidade “é a incapacidade da mulher conceber após dois anos de tentativas, tendo uma vida sexual normal, com boa função reprodutora do parceiro”.

As explicações podem ser várias, como o estilo de vida desadequado: exposição frequente a situações de stress, rotinas de sono inexistentes, alimentação inflamatória, sedentarismo, insuficiente hidratação, excesso de trabalho, entre outras. O stress e a ansiedade acabam por ser uma constante na vida dos casais que tentam engravidar e, quanto mais tempo demoram a alcançar resultados, mais ansiosos ficam. A infertilidade leva a um desgaste psicológico e emocional.

Existem vários distúrbios ginecológicos que contribuem para a infertilidade, como a endometriose, menopausa precoce, síndroma do ovário poliquístico, inflamação de órgãos pélvicos (DIP), miomas, obstrução ou lesão das trompas de Falópio, anomalias uterinas ou problemas ovulatórios. Por outro lado, as causas mais comuns da infertilidade masculina, estão relacionadas com diminuição ou ausência de produção de espermatozoides, espermatozoides com configuração anormal ou mobilidade reduzida.

Na MTC, as causas da infertilidade podem estar relacionadas com:

  • deficiência do yin do rim;
  • deficiência do yang do rim;
  • vazio de sangue e deficiência do Qi do baço;
  • estagnação do Qi do fígado;
  • estagnação de sangue;
  • acumulação de humidade-mucosidade;
  • humidade-calor.

A resposta da medicina tradicional chinesa irá procura restaurar os desequilíbrios existentes, equilibrando a energia do organismo. Os benefícios do tratamento estão presentes tanto na infertilidade feminina, como na infertilidade masculina. É possível promover o aumento da qualidade dos óvulos e espermatozoides, o aumento do fluxo sanguíneo, a estimulação do desenvolvimento folicular, a promoção e regularização hormonal e a melhoria das funções do útero.

Por outro lado, as técnicas de MTC, auxiliam no controlo dos níveis de stress e ansiedade, na melhoria do sono e padrões alimentares, fatores importantes que contribuem para a infertilidade.

O tratamento atua, numa primeira fase, consoante a causa do desequilíbrio, mais ou menos durante 1 a 2 meses e, posteriormente, de acordo com as fases do ciclo menstrual, sendo que na MTC este divide-se em 4 fases: fase 1 menstrual, fase 2 pós menstrual, fase 3 ovulatória e fase 4 pós ovulatória. A periodicidade das sessões depende do desequilíbrio existente, sendo imprescindível respeitar as características individuais de cada paciente. São utilizadas várias técnicas, como a acupuntura, eletroacupuntura, auriculoterapia, fitoterapia, aromaterapia, florais de Bach, dietoterapia chinesa, TDP e moxabustão.

Os tratamentos de MTC potenciam os tratamentos da medicina convencional, sendo a visão integrativa uma mais-valia para o alcance de bons resultados. Os contributos de uma equipa multidisciplinar, oferecem várias técnicas que se complementam, através das quais o paciente é visto de forma holística, o que leva a uma maior eficácia no tratamento e alcance do seu objetivo.

As sessões procuram equilibrar o organismo, para que a mulher engravide de forma natural, ou potenciar os resultados dos tratamentos convencionais, tais como na Inseminação Artificial, Fertilização In Vitro (FIV) e Estimulação Ovárica. Uma das técnicas mais conhecidas é o protocolo de Paulus.

Quando, finalmente, o casal consegue engravidar é importante continuar com os tratamentos de MTC, para que seja uma gravidez saudável, sem intercorrências. Durante a gravidez são frequentes casos de náuseas, vómitos, dor lombar, ciática, obstipação, infeções urinárias e, também nestes casos, a MTC poderá ser uma boa aliada atuando de forma natural.

É ainda possível recorrer à MTC para realizar a preparação para o parto. Esta preparação deve iniciar-se pela 34ª semana e tem como objetivo, preparar o organismo da mulher, otimizando a sua energia, para que tenha uma maior vitalidade. Pode ter como objetivo passar um bebé da posição pélvica para a posição cefálica, quando o “bebé não vira”, ou preparar o períneo para a passagem do bebé e melhorar a eficácia das contrações. Também após a gravidez, as técnicas de MTC têm demonstrado a sua eficácia na prevenção e tratamento da depressão pós-parto, problemas relacionados com a amamentação e edemas.

A MTC pode, igualmente, responder a situações de distúrbios ginecológicos, em que a mulher não procura engravidar. São comuns os casos de dismenorreia, amenorreia, TPM, entre outros, em que os tratamentos de acupuntura e outras técnicas associadas, como a fitoterapia, conseguem bons resultados.

Tânia Carvalho
(Especialista de Medicina Tradicional Chinesa)

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