É assim que temos vivido, de olhos nos olhos. A máscara só cai na intimidade e, mesmo assim, com um risco não calculado. A pandemia ainda nos limita a espontaneidade. Provoca tensão. E no entanto sobrevivemos-lhe. É esta a nossa glória e, só por isso, um motivo para festejar.


Ainda não chegou o tempo de abraçar só porque sim. Continua a doer, é verdade, mas também não podemos virar costas aos afetos, dependemos deles para sobreviver. E este é o dilema que voltamos a ter, escolher quem vamos abraçar este Natal. Ainda me lembro das estatísticas do último dezembro e acredito que ninguém vai querer repetir aqueles números. Levantámo-nos do chão e as vacinas trouxeram-nos algum conforto, mas não eliminaram por completo a transmissibilidade ou o risco de contágio e por isso vamos ter de continuar a pensar como vamos querer viver este próximo Natal ou como queremos estar no Ano Novo.


O medo tem morado connosco – é verdade – num vaivém de solidão e, por vezes, a magia do Natal transforma-nos. Sentimo-nos fortes, imortais e poderosos. Não somos assim de verdade. Teremos de continuar a escolher quem vamos abraçar este Natal. Ainda não é o tempo de abraçar todos, só porque sim. Não devemos.

Encontramo-nos no próximo ano. Assim espero.

Feliz Natal!

António Travassos

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