Degradação e destruição das cartilagens e articulações é um dos efeitos da sobrecarga que o excesso de peso e a obesidade provocam no sistema músculo-esquelético. A osteoartrose acaba por se instalar e progredir e a substituição da articulação acaba por ser uma necessidade emergente
Se dissermos que o sistema músculo-esquelético sofre alterações com o excesso de peso ou que tal contribui para um aumento da prevalência de osteoartrose, pouco fica a perceber sobre os efeitos do peso a mais.
Se recorrermos à figura de estilo “o corpo é que paga”, a explicação fica muito generalizada e pouco explícita, mas é isso mesmo que acontece. Mas se lhe explicar que o peso a mais (massa gorda), acaba por provocar degradação das articulações, destruição das cartilagens, mas também alterações no alinhamento dos membros, bem como no padrão de marcha que sempre usou (desde que aprendeu a andar) e ainda que o próprio excesso de massa gorda produz substâncias químicas que degradam a cartilagem… Assim, já tem informação acrescida e muito nítida sobre os efeitos que essa sobrecarga pode ter no sistema músculo-esquelético.
Este é um processo de degradação que acaba por dar lugar à osteoartrose e que, numa pessoa obesa ou tão só com excesso de peso acaba por acometer uma ou mais articulações, principalmente as que suportam o peso, como os membros inferiores, mas também as que envolvem a coluna lombar e a cervical. E, claro se a obesidade está a aumentar (a Organização Mundial de Saúde assegura que triplicou, desde 1975), o aumento da prevalência da osteoartrose está diretamente relacionado e o número de casos cresce na mesma proporção. A relação é direta.
Contudo, o excesso de peso ou a obesidade é um fator modificável e, no caso da osteoartrose, pode ser quanto baste para ter um efeito bastante positivo nos sintomas que a doença provoca (dor e limitação funcional). A perda de 10% do peso corporal pode diminuir para metade as queixas provocadas pela osteoartrose e, em 75 % dos casos, a redução de 20 % de peso é suficiente para eliminar as dores, ao mesmo tempo que se interrompe a evolução da doença que, em muitos casos, acaba por justificar a necessidade de uma cirurgia com recurso a uma prótese articular.
Uma perda de peso saudável, gradual, com um regime alimentar adequado, a par com um plano de exercício físico adaptado, é o suficiente para melhorar as queixas provocadas pela osteoartrose e, em simultâneo, a tensão arterial e a glicémia, acabam por estabilizar e retomar os valores normais.
Pedro Marques
(Médico Ortopedista)
Vamos fazer contas
O valor do Índice de Massa Corporal (IMC) é um indicador do risco de desenvolver, por exemplo, uma artrose no joelho. E um índice de IMC superior a 30 kg/m2 tem um risco 6,8 superior de desenvolver uma artrose do joelho, se compararmos com um indivíduo com peso normal. Basta um aumento de cinco ponto no IMC para existir um risco aumentado de 35% de desenvolver artrose no joelho.
E o que é isso de IMC e como se calcula? Este é um indicador simples que ajuda a detetar a existência de obesidade ou excesso de peso. Vamos então fazer contas, pegando na altura e no peso.
A fórmula: peso (kg) ÷ altura2(m).
Decifrando, se eu pesar 67 quilos e tiver 1,69 metros de altura, o cálculo deverá ser feito assim:
67 ÷ (1,69×1,69) = 23,50 kg/m2
Ou seja, apesar de não existir um peso ideal, o IMC indica que esta pessoa tem 23,50 de IMC, isto é, está dentro do peso normal. Para o excesso de peso o valor de IMC é de 25 a 29,9, enquanto na obesidade o valor é superior a 30. Acrescente-se ainda que também existe o inverso, ou seja, o baixo peso e, para estes casos, a tabela de IMC indica que tal existe sempre que o índice é menor que 18,5.
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