É ponto assente que o pico da fertilidade da mulher ocorre entre os 20 e os 24 anos de idade. Ninguém pensa nisso. Admite-se que as técnicas de PMA podem ajudar a resolver a perda de oportunidade “falhada” no tempo certo. Mas, há outros fatores que podem estar a afetar a fertilidade do homem e da mulher. Já viu se o perfume que usa tem ftalatos na composição?

Nem sempre um dos vários milhões de espermatozoides libertados numa ejaculação atinge o fim da caminhada. Mas também nem sempre é certo que, quando esse único espermatozoide chega ao destino, se concretize o esperado e que se torna visível nove meses depois, com o nascimento de uma criança.

Este percurso natural para conceber um filho pode ser interrompido por uma doença chamada infertilidade, uma patologia que afeta 15 a 20% da população em idade reprodutiva. As causas são femininas e masculinas, mas também podem ser desconhecidas e, não raros casos, podem ser evitadas, se eliminarmos os estilos de vida que podem comprometer a esperada fertilidade.

A obesidade masculina e feminina poderá encabeçar a lista de fatores de risco para a infertilidade porque, além de promover uma menor taxa de fertilização, má qualidade dos ovócitos, baixos níveis de testosterona e elevadas taxas de disfunção eréctil, entre outras, vai favorecer o decréscimo da possibilidade de engravidar, em 30%, ao mesmo tempo que promove um aumento da taxa de aborto espontâneo.

O consumo de tabaco, álcool, drogas e estupefacientes são fatores de risco que devem ser acrescentados à lista de estilos de vida que comprometem uma boa fertilidade. Junte-se ainda os fatores ambientais ou a exposição a determinados produtos, como herbicidas, inseticidas, tintas, vernizes, metais pesados e monóxido de carbono, mas também os bisfenóis ou plásticos, presentes nas garrafas, computadores e telefones ou tão só os ftalatos, que fazem parte da composição de alguns cosméticos e perfumes, mas também alguns suplementos que são utilizados para aumentar a massa muscular e que têm um efeitos enorme na fertilidade masculina.

Há ainda um terceiro capítulo a acrescentar aos fatores de risco que contribuem para a infertilidade e é neste que se incluem as infeções sexualmente transmissíveis, que podem provocar alterações na qualidade e quantidade dos espermatozoides, mas também lesões nos órgãos de reprodução femininos.

A relação entre a idade (principalmente da mulher) e a infertilidade não pode ser menosprezada, muito pelo contrário. Apesar de não estar diretamente ligada aos estilos de vida, é bom que se tenha em conta que, a partir dos 30 anos, a fertilidade começa a ficar afetada Do ponto de vista biológico, toda e qualquer mulher deveria tentar engravidar antes dos 35 anos de idade O pico da fertilidade acontece entre os 20 e os 24 anos e, a partir daí, as possibilidades começam a decrescer, o que não significa que seja impossível, mas é garantidamente mais complicado.

O avançar da idade afeta a fertilidade da mulher por vários motivos, basicamente, porque todo o corpo começa a envelhecer. E, neste caso, a reserva de ovários já não é igual, os óvulos já não são tão viáveis e os erros na multiplicação celular são cada vez mais frequentes, entre outros fatores. No homem, a idade também afeta a capacidade fértil, mas sempre de uma forma mais gradual, por comparação com as alterações que afetam a mulher.

As técnicas de procriação medicamente assistida podem ajudar a contornar estes problemas e, também por isso, temos vindo a assistir a um número crescente de mulheres que engravida depois dos 35 anos e mesmo aos 40 e mais anos de idade. O caminho que percorreram para aí chegarem passou decididamente pelo recurso a técnicas de PMA.

Ana Peixoto (Médica, Ginecologia e Obstetrícia)

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Margarida Silvestre (Médica, Ginecologia e Obstetrícia)

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