Envelhecer é uma das maiores conquistas da humanidade, se teve essa sorte, agora mexa-se. A atividade física é o melhor aliado e mesmo que nunca tenha sido grande desportista ou atleta, está sempre a tempo de começar, seja em que idade for. As vantagens são muitas…

Não estamos habituados a inverter o raciocínio, é verdade mas, de certa forma, é uma sorte envelhecer. Significa que escapámos a doenças na infância, aos distúrbios da adolescência e aos problemas da idade adulta. Envelhecer significa ainda que vivemos uma gama de emoções, desde paixões a perdas e que sentimos o pulsar de duas ou três gerações, além das imensas histórias que temos para contar.

Visto assim, podemos perceber que envelhecer também é uma questão de sorte. Mas, não só. É também uma das maiores conquistas da humanidade. A evolução da ciência, principalmente da medicina, permitiu-nos conquistar anos de vida à programada longevidade humana.

Há um outro lado para esta mesma moeda e custos a pagar. As “peças” não são eternas e desgastam-se. Diminui a capacidade cardiovascular e a massa muscular, além das alterações físicas e intelectuais que acompanham o processo de envelhecimento e que estão dependentes de características genéticas, mas também de hábitos do passado vivido. Mas, todos estes efeitos serão agravados se faltar o exercício físico. Por isso, mexer-se e movimentar-se devem ser verbos de uso diário.

Mesmo que nunca tenha sido um atleta, a prática do exercício físico pode começar em qualquer idade e os benefícios serão idênticos aos de um jovem que tenha atividade física. Claro que o envelhecimento traz queixas, porque as articulações – um elemento dinâmico do movimento – mudaram, porque a artrose também ameaça instalar-se ou porque a osteoporose (perda de massa óssea) começa a manifestar-se. Mas a falta de exercício físico irá acelerar todas estas alterações físicas, além de promover outras, principalmente na coluna (hiperlordose e cifose), como a indesejada “corcunda”.

Se os ossos estão em contínua transformação, a formação do tecido ósseo também se modifica, tal como as hormonas durante algumas etapas da vida, nos ajuda a manter o equilíbrio entre perda e ganho de massa óssea mas, que a partir da menopausa, desce para níveis indesejáveis à boa manutenção da massa óssea. A ingestão de cálcio não é uma solução única para evitar este progredir da osteoporose, que mais não é do que um processo normal de envelhecimento.

A prática de atividade física vai ajudar a controlar os sintomas de algumas doenças e a manifestação de outras e, se for feita de uma forma regular, aumenta a longevidade. Não é preciso vencer uma maratona. A prática de atividade física é definida como qualquer movimento corporal, produzido pelos músculos esqueléticos, que resulte em gasto energético maior que os níveis de repouso.

Para que tudo isto aconteça é preciso trabalhar três sistemas do corpo humano: cardiovascular, nervoso e músculo-esquelético. Como? Mexendo-se. Deixamos ficar sugestões.

Músculos em movimento

Não há fórmulas ou exercícios mágicos, cada um deve respeitar a sua saúde e a capacidade funcional do seu corpo e ter presente que movimento é a palavra-chave. Em troca, o exercício físico regular irá proporcionar um aumento da longevidade e melhorar o desempenho intelectual, o raciocínio, a velocidade de reação, o nível de energia e a saúde um modo geral, além de proporcionar convívio social. As opções podem passar pela caminhada, natação, hidroginástica, musculação, ciclismo, pilates, ioga, tai chi chuan ou dança.

Se o exercício for aeróbico irá fortalecer os músculos envolvidos na respiração, o músculo cardíaco, tonificar a musculatura em geral, melhorar a circulação sanguínea e o aumento da pressão arterial. Andar, correr, nadar e pedalar são exemplos de exercícios aeróbicos.

Por outro lado, a simples caminhada, também é uma opção, mas não supre todas as necessidades do corpo, uma vez que trabalha apenas o sistema cardiovascular e o músculo-esquelético (de pés e pernas). Contudo, andar regularmente proporciona melhorias na velocidade ao andar e no equilíbrio, ajuda a manter a densidade óssea e permite um controle de doenças como a diabetes, artrite, cardíacas ou dos níveis de colesterol e de hipertensão.

A musculação é outra opção, principalmente para portadores de doença cardíaca, uma vez que apresenta menores riscos cardiovasculares do que uma simples caminhada. A musculação não requer aptidão prévia e, pelo incremento da força muscular, ajuda a diminuir o risco de quedas, proporcionando um ganho de massa óssea e muscular.

Há ainda a hipótese tai chi chuan, um estilo de arte marcial, reconhecido como uma forma de meditação em movimento, mas também do ioga, pilates e, claro, a dança. 

Resumindo, vale quase tudo para nos mantermos em movimento. O bem-estar é necessariamente a moeda de troca que podemos dar ao envelhecimento.

Gabriela Figo
(Médica Ortopedista)

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