É a terceira causa de morte em todo o mundo e também está associada a uma significativa perda da qualidade de vida e elevada incapacidade. Ainda assim, a doença continua a ser muito desconhecida da população

A Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica, vulgarmente conhecida por DPOC, é uma doença respiratória crónica geralmente progressiva, que se caracteriza por obstrução das vias aéreas e destruição do tecido pulmonar. Atualmente é a terceira causa de morte em todo o mundo e está associada a significativa perda da qualidade de vida e elevada incapacidade. Apesar disso, continua a ser uma doença muito desconhecida da população, com elevado subdiagnóstico e tratamento (muitas vezes) apenas na fase avançada da doença.

Quais são os sintomas?

Os principais sintomas são a “falta de ar” (dispneia), cansaço e tosse crónica. Surgem sobretudo na idade adulta, são progressivos e condicionam muitas vezes a capacidade de realizar as atividades de vida diária. Muitos doentes referem também infeções respiratórias recorrentes. No entanto, a desvalorização dos sintomas é comum, atribuindo-se frequentemente o cansaço e a dispneia, à idade ou à exposição a fatores de risco, como o tabaco.

O que provoca a doença?

O fumo do tabaco constitui o principal fator de risco conhecido para o desenvolvimento da DPOC. Contudo, outros fatores de risco externos foram identificados, como a poluição ambiental e a exposição a gases nocivos e biomassa. Um desenvolvimento pulmonar ao longo da vida comprometido (ex: prematuridade, baixo peso à nascença e tabagismo na gravidez) e algumas  condições genéticas, como o défice de alfa 1 antitripsina, também aumentam o risco da doença, nomeadamente se o doente estiver exposto ao fumo do tabaco.

Como se pode fazer o diagnóstico?

A hipótese de ter DPOC deve ser considerada em todos os doentes com sintomas de dispneia, cansaço, tosse crónica, expetoração e infeções respiratórias recorrentes e/ou história de exposição a fatores de risco, nomeadamente o tabaco.

Esses doentes devem realizar uma Espirometria. Trata-se de um exame simples, não invasivo, realizado em ambulatório, que consiste em “soprar através de um tubo, efetuando manobras de sopro vigoroso” e que em poucos minutos permite confirmar o diagnóstico de DPOC, ou seja, confirma que existe uma limitação (obstrução) ao fluxo aéreo.

Qual é o tratamento da doença?

O tratamento da doença deve ser precoce e incluir:

• Prevenção e controlo dos fatores de risco, em particular a cessação tabágica;

• Medidas farmacológicas com a toma regular de inaladores;

• Medidas não farmacológicas, nas quais se inclui a reabilitação respiratória e em doentes de maior gravidade, a oxigenoterapia a longo prazo.Todos os doentes devem dar particular atenção

à prevenção de infeções com a vacinação contra a gripe, COVID-19, esquema anti pneumocócico e fazer atividade física regular.

Os principais medicamentos para tratamento da DPOC utilizam-se na forma de inaladores (medicação inalada), pois permite que a medicação se deposite diretamente no pulmão, aumentando a eficácia e diminuindo eventuais efeitos secundários. O tratamento baseia-se no uso contínuo e regular de broncodilatadores inalados, que reduzem os sintomas e o risco de progressão da doença e de exacerbações. 

Em doentes selecionados pode ser necessário associar outra classe farmacológica de inaladores, que são os corticosteroides inalados, cuja função anti-inflamatória é muito útil no controlo da doença e, em particular, na redução de exacerbações.

Posso fazer exercício físico em segurança?

A evidência científica tem demostrado que os doentes com DPOC beneficiam de programas de exercício físico e reabilitação respiratória, e que é uma intervenção segura. Melhoram a dispneia, o status de saúde e a tolerância ao exercício, reduzem sintomas de ansiedade e depressão e diminuem o número de hospitalizações por exacerbações recentes.

Cidália Rodrigues
(Médica, Pneumologista)

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