Parou a busca pela juventude eterna. As mulheres de hoje já não se deixam iludir. Sabem que envelhecem, que os padrões de beleza impostos pela sociedade (indústria) são irreais e que este é o tempo do fim da ditadura da juventude. Hoje, promove-se a beleza da passagem do tempo, porque tudo muda

Os cremes para a pele não acabaram, de todo, apenas já não são produtos anti-rugas ou anti-aging (anti-idade). A idade existe, o envelhecimento é reconhecido e não há como contornar que a vida muda. Também mudam as ideias e os conceitos. Hoje, combatem-se estereótipos e padrões irreais impostos pela sociedade, mas também pela indústria e pelo cinema.

A ditadura da juventude tem os dias contados porque, hoje, o ideal é cada um de nós assistir à passagem cronológica do tempo o melhor possível, com relevo para o estilo de vida adotado.

Os cosméticos terão de se adaptar a esta nova realidade e a este novo conceito. Alguns já mudaram a estratégia e os novos termos passam por produtos para a idade perfeita ou idade inteligente. Entrámos no tempo da beleza atemporal e de nada adianta ir contra o processo natural de envelhecimento e os novos modelos têm vindo a demonstrar que é possível ser atraente e linda com mais de 50 anos de idade, com ou sem cabelos brancos (é uma opção). Gradualmente, a ciência e os avanços da medicina estão a ajudar a valorizar os anos para lá dos 50 e, hoje, já não é preciso dizer que “está muito bem para a idade”, o correto é dizer que: “está linda!”

A dermatologia orgulha-se de acompanhar esta nova tendência, apetrechando-se com as ferramentas necessárias para conduzir e implementar estes novos conceitos. Esta é a especialidade médica que tem os instrumentos adequados para proporcionar esta nova abordagem do conceito de beleza.

Os tratamentos combinados dão visibilidade a esse bem-estar que esta renovada geração sente e quer implementar. A pele continua a ser composta por colagénio, elastina e ácido hialurónico e continua a precisar de compostos que ajudem a atenuar os danos que acontecem nas células. O retinol continua a ser um bom aliado para proporcionar um bom efeito na pele, tal como a proteção solar, os produtos anti-oxidantes, as proteínas e outros.

A intervenção do dermatologista pode passar por uma intervenção mais técnica, quando recorre à fotomodulação ou quimioesfoliação na textura da pele, recorrendo a peelings ou a uma atuação mais profunda, quando recorre à aplicação de neuromoduladores, de ácido hialurónico ou de neurotoxinas.

A pele saudável, com bom ar, e os resultados satisfatórios continuam a ser um objetivo para cumprir, mas assume-se que o envelhecimento é tudo menos uma doença que se deve combater. O passar dos anos passou a ser aceite e a beleza ganhou um novo conceito, passou a ser atemporal.

Os protocolos não são iguais para todos e não deveremos querer experienciar todas as possibilidades que a cosmética e a dermatologia proporcionam. Hoje, de pouco adianta aplicar o creme que serve para todos os que envelhecem. Hoje, o ideal é encontrar o caminho individual que leva ao produto certo que, aplicado na dose certa, leva ao único objetivo: alcançar a melhor saúde para cada pele.

Evelina Ruas

(Médica, Dermatologista)

 

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